Dissertação de Mestrado #207: Ana Machado

O sistema triplo e eclipsante RV Crateris

Autor: Ana Cristina Moreira Machado

Banca Avaliadora

Luiz Paulo Ribeiro Vaz (orientador), Física

UFMG

Gabriel Armando Pellegatti Franco, Física

UFMG

Paulo Sérgio Soares Guimarães, Física

UFMG

Nuno Correia dos Santos Cunha, Física

UFMG

Orientadores

Luiz Paulo Ribeiro Vaz

Departamento de Física - UFMG

Resumo do Trabalho

Realizou-se o estudo do sistema binário eclipsante RV Crt (HD 98412; SAO 156604; V=9m,62; P=1d.170494$), que possui tipo espectral F8. Foi feita uma análise fotométrica e espectroscópica, objetivando a determinação de elementos absolutos precisos para as componentes do sistema. As observações espectroscópicas foram feitas entre 1989 e 1991 no Observatório do Pico dos Dias, Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA – CNPq) em Brasópolis – MG, com o telescópio de 1,6m. As observações fotométricas foram ralizadas em 1987, 1988 e 1989, no telescópio SAT (Strömgren Automatic Telescope) de 50cm do ESO, La Silla, Chile. Este estudo revelou de forma independente a presença de uma terceira componente no sistema e é o primeiro estudo na literatura baseado numa quantidade significativa de dados espectroscópicos de qualidade. A presente análise fotométrica leva em consideração, pela primeira vez na literatura, a contaminação da terceira luz. A presença de outra estrela dificultou a localização das linhas espectrais das duas componentes do sistema binário. Foi desenvolvido um método alternativo de medida de velocidades radiais, baseado na correlação cruzada de espectros de RV Crt com um espectro de refer&ecurc;ncia, de velocidade radial conhecida. Foram medidas as velocidades radiais das duas componentes do sistema eclipsante e da terceira componente, sendo que as desta última se mostraram constantes dentro dos erros observacionais no intervalo de tempo observado. As velocidades da secundária são menos confiáveis que as das outras duas, devido às baixas intensidades relativas de suas linhas espectrais. Não se sabe ainda se a componente “intrusa” compõe com o sistema eclipsante um par físico ou se é apenas uma companheira óptica de RV Crt, pois não é possível resolv&ecurc;-la visualmente do par eclipsante e nossos dados não são conclusivos a este respeito. Em conjunto com a análise espectroscópica, um estudo fotométrico foi realizado, com base nos modelos de sistemas binários eclipsantes WINK e Wilson-Deviney. Foram calculadas novas efemérides para o sistema, com a indicação de uma possível rotação de ápsides. Foram feitas considerações físicas e estudos preliminares da curva de luz, para a determinação de parâmetros iniciais, usados como ponto de partida para as soluções teóricas. As incertezas geradas pela presença da terceira componente não possibilitaram a obtenção de uma solução final definitiva, mas a análise preliminar mostrou que RV Crt é um sistema separado, com a componente primária mais massiva, mais quente e luminosa que a secundária, que entretanto possui um raio maior que a primária. Há indicação de que o sistema esteja próximo da configuração de semi-contato, provavelmente tendo estado nesta configuração no passado recente, quando ocorreu interação entre as componentes inclusive com troca de matéria entre elas. Outra possibilidade é que o sistema tenha já evoluído para fora da Sequ&ecurc;ncia Principal, o que foi sugerido na análise evolutiva dos elementos determinados. Poderia ser um sistema ainda não evoluído (ainda na fase de Pré-Sequ&ecurc;ncia Principal), mas a não detecção de linhas de Li em espectros de alta resolução fazem com que RV~Crt seja mais provavelmente um sistema Pós-Sequ&ecurc;ncia Principal.