Tese de Doutorado #298: Alana Souza

Processo de Acreção em Estrelas T Tauri Clássicas do Aglomerado NGC 2264

Autor: Alana Paixão de Souza

Banca Avaliadora

Sílvia Helena Paixão Alencar (orientadora)

Física - UFMG

Luiz Paulo Ribeiro Vaz

Física - UFMG

Wagner José Corradi Barbosa

Física - UFMG

Simone Daflon dos Santos

ON/MCT

Jane Cristina Gregório Hetem

IAG/USP

Orientadores

Sílvia Helena Paixão Alencar (orientadora)

Departamento de Física - UFMG

Resumo do Trabalho

NGC 2264 é um aglomerado estelar jovem (∼3 Manos) com centenas de estrelas T Tauri clássicas (ETTCs) que nos permite uma análise detalhada do processo de acreção que ocorre nessas estrelas. NGC 2264 foi alvo em 2011 de uma campanha observacional com os satélites CoRoT, MOST, Spitzer, e Chandra. Foram também obtidos dados espectroscópicos no telescópio VLT (ESO) equipado com o espectrógrafo FLAMES entre outras observações de telescópios em solo. Classificamos as curvas de luz do CoRoT das ETTCs morfologicamente como do tipo mancha, AA Tau ou não-periódica, que incluem as estrelas com variabilidade devido a “accretion burst”. Comparamos essa classificação com vários diagnósticos de acreção (emissões de Hα e HeI (6678Å), excesso no ultravioleta) e parâmetros do disco (excesso no infravermelho). Verificamos que sistemas com sinais de acreção e sem acreção representam grupos muito distintos em relação ao excesso de UV, emissão de Hα e taxa de acreção de massa. Mostramos que a morfologia das curvas de luz reflete a evolução do processo de acreção e da região interna do disco. Curvas de luz dominadas por “accretion burst” apresentam maiores taxas de acreção de massa e discos opticamente espessos. Curvas de luz do tipo AA Tau, que são dominadas por ocultação por poeira circunstelar, mostram taxas de acreção intermediária e são localizadas na transição entre disco anêmico e espesso. ETTCs com curvas de luz do tipo mancha correspondem em sua maioria a sistemas com baixa taxa de acreção de massa e baixo excesso no IR. Cerca de 30% das ETTCs observadas em 2008 e 2011 pelo CoRoT mudaram a morfologia da curva de luz. As transições do tipo AA Tau e do tipo mancha para curvas de luz aperiódicas e vice-versa foram comuns. Isto mostra que a vizinhança circunstelar de estrelas jovens e de baixa massa é extremamente dinâmica numa escala de tempo de alguns anos. A análise da variabilidade da emissão da linha de Hα de 58 ETTCs mostrou que 8 apresentam alguma periodicidade, que em alguns casos é coincidente com o período fotométrico. Analisamos também a linha de HeI (6678Å), formada próxima à mancha quente e que, quando periódica, fornece uma estimativa realista do período de rotação da estrela. A análise da correlação observada na linha de Hα mostra que as asas azul e vermelha dos perfis de linha de Hα muitas vezes não se correlacionam uma com a outra, o que indica que eles são fortemente influenciados por diferentes processos físicos. Testamos em nossa amostra de estrelas as previsões teóricas de acreção nos regimes estável e instável, analisando a ocorrência de absorção desviada para o vermelho da linha de Hα. Apenas dez estrelas da nossa amostra têm absorção desviada para o vermelho, e entre estas encontramos somente uma estrela no regime de acreção instável. As demais nove estrelas estão aparentemente no regime de acreção estável, e esse regime de acreção concorda com a variabilidade fotométrica encontrada para essas estrelas. Entretanto, a periodicidade na linha de Hα esperada para estrelas com acreção no regime estável nem sempre é vista na amostra de estrelas.