Dissertação de Mestrado #748 – Gabriel Henrique Aguiar Schiess – 07/02/2025

"Estudo de modificações de RNA através de modelos mesoscópicos: Inosina e Pseudouridina."

Autor: Gabriel Henrique Aguiar Schiess

Banca Examinadora

Profa. Pâmella Miranda de Moura (coorientadora)

Department of Women\'s and Children\'s Health, Karolinska Institutet, Suécia

Prof. Ubirajara Agero Batista

DF/UFMG

Prof. Erik de Oliveira Martins

Instituto Federal do Norte de MInas Gerais

Profa. Ana Maria de Paula (suplente)

DF/UFMG

Orientação

Prof. Gerald Weber

DF/UFMG

Profa. Pâmella Miranda de Moura

Department of Women\'s and Children\'s Health, Karolinska Institutet, Suécia

Resumo do Trabalho

Modificações de RNA são pequenas alterações quı́micas que ocorrem em suas bases nitrogenadas, levando a mudanças das propriedades fı́sicas, quı́micas e estruturais. Atualmente, mais de 150 modificações de ocorrência natural em RNA são conhecidas. Essas modificações são muitas vezes essenciais para o funcionamento correto de diversos mecanismos celulares e para o desenvolvimento correto de organismos complexos. Além disso, os ácidos nucleicos modificados podem ser usados em uma ampla variedade de técnicas biotecnológicas, como RT-PCR, protocolos de entrega de medicamentos e vacinas de mRNA. A inosina (I) é resultado da deaminação de uma adenina (A) devido à atuação de três enzimas da famı́lia adenosina deaminase agindo em RNA (ADAR). A inosina em mRNA é, usualmente, reconhecida pelo ribossomo como uma guanosina (G), o que pode resultar na tradução não sinônima de proteı́nas, sendo um fator de variabilidade epigenética. A presença irregular de inosina na molécula de RNA está relacionada à várias doenças, em especial doenças cognitivas degenerativas como o Alzheimer. A pseudouridina (Ψ) é um isômero da uridina (U) e a modificação mais frequentemente encontrada na molécula de RNA, estando presente no mRNA, tRNA e em outros tipos de RNA. Sua ocorrência é resultado da atuação de diversas enzimas que atuam de forma altamente especı́fica nas sequências de RNA. Uma das principais funções da pseudouridina é estabilizar estruturas secundárias de RNAs complexos, como o tRNA e o rRNA. A N1-metilpseudouridina (m1 Ψ) é o resultado da metilação de pseudouridina e tem sido amplamente utilizada em vacinas de mRNA como um substituto da uridina. Neste trabalho, utilizamos o modelo de próximos vizinhos (NN) e o modelo mesoscópico Peyrard-Bishop (PB) para estudar a contribuição da inosina, pseudouridina e N1-metilpseudouridina para a estabilidade termodinâmica de duplexos de RNA. O modelo NN descreve essa estabilidade pelas contribuições energéticas de cada par de bases. Enquanto que o modelo PB, um modelo de fı́sica-estatı́stica, considera as ligações de hidrogênio e do empilhamento entre os pares de bases e seus vizinhos para a estabilidade termodinâmica do duplexo. Parâmetros referentes à essas interações foram obtidos para sequências de RNA modificado. Foram analisadas temperaturas de desnaturação de 71 sequências de RNA contendo inosina, 41 com pseudouridina e 9 com N1-metilpseudouridina. Nossos resultados sugerem que essas modificações são capazes de estabilizar o duplexo de RNA. Essa estabilidade proporcionada pelas modificações é, geralmente, dependente do contexto da sequência em que estão inseridas, podendo contribuir negativa ou positivamente para a estabilidade do duplexo. A inosina mostra uma tendência de desestabilizar o duplexo. Em especial, o par IU apresenta resultados que indicam a presença de apenas uma ligação de hidrogênio. Em geral, os pares com pseudouridina atuam no sentido de estabilizar o duplexo. A N1-metilpseudouridina atua de forma similar à pseudouridina e apresenta uma interação mais forte com os vizinhos. Os parâmetros termodinâmicos obtidos para essas três modificações em RNA podem contribuir para o design de sondas em diagnósticos e também no desenvolvimento de vacinas baseadas em RNA.