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6. Leporinus tæniatus Rhdt.

(prancha IV, fig. 11)

Reinhardt trouxe um maior número de exemplares desta espécie, dos quais, porém, nenhum tem mais que 8 1/2 polegadas de comprimento. A maior altura do corpo é contida, nos exemplares mais alongados, 4 vezes, nos demais (fêmeas com o ventre inchado de ovas), quase 3 1/2 vezes no comprimento total (até a nadadeira caudal); a cabeça (a borda de pele do opérculo incluída) 4 1/4 ou 4 1/8 no mesmo. O número de raios é exatamente o mesmo das duas espécies anteriores, quando não apresentam, excepcionalmente, um raio a menos nas nadadeiras dorsal ou anal. Em comparação com as duas espécies anteriores o número de escamas na linha lateral é 37, raramente 38; as filas de escamas da parte frontal do corpo continuam sendo 5 acima e 6 abaixo da linha lateral, além das duas ímpares, ou seja 26 no total, ou 2 a menos de cada lado. As escamas, como em L. elongatus, caracterizam-se por apresentarem estrias onduladas menos numerosas e nítidas para cima, em direção ao dorso, mais numerosas e nítidas para baixo, em direção ao ventre. A parte de cima da boca não avança à frente da parte de baixo; as comissuras e a maxila superior terminam abaixo das narinas anteriores, que possuem a forma comum de um cone; o diâmetro dos olhos é quase a metade da largura da testa, aproximadamente um quinto do comprimento da cabeça; o olho situa-se bastante alto do lado da cabeça. A boca é pequena; existem três dentes de cada lado da parte de cima da boca, quatro na parte de baixo, dos quais os da frente são bem longos e pontudos. As nadadeiras peitorais alcançam somente a metade da distância até as ventrais ou um pouco além disso, ao contrário, a nadadeira anal é tão alta que, quando dobrada, alcança até a raiz da caudal, ou quase. O primeiro raio da nadadeira dorsal tem a metade do comprimento do segundo. O padrão característico desta espécie constitui-se de uma faixa escura, que se estende ao longo do lado sobre a fileira de escamas da linha lateral; na realidade é limitada por esta e, portanto, tem a aparência serrilhada, embora com freqüência se prolongue, principalmente pelas bordas das duas fileiras de escamas que se unem. Em alguns (jovens) exemplares esta faixa apresenta-se muito fraca; e em três exemplares mais jovens o tom escuro do dorso apresenta-se diferenciado em cerca de 12 manchas ou listras mais ou menos nítidas.

A descrição de Günther de L. melanopleura difere em dois pontos da que se apresenta aqui: a faixa escura (que além do mais ele considera um pouco mais larga do que em geral se mostra no peixe de que dispomos) situa-se abaixo da linha lateral, em lugar de sobrepor-se à própria série de escamas da linha lateral; e ele assinala somente 3 fileiras de escamas acima e 5 abaixo da linha lateral, além da ímpar de cima. Se isso está correto115, é razoável considerar-se que é da mesma espécie que ocorre no Rio Cipó e no Rio das Velhas e , por isso, considerei como o mais correto descrever a última sob o nome sugerido por Reinhardt. O L. striatus de Kner (do Mato Grosso) certamente está muito perto deste, mas tem uma outra relação de dentes (${{4}\over{4}}$).

``No peixe recém-retirado da água, a testa e o dorso possuem uma cor cinza-amarelo que, em certas direções, mostra um fraco reflexo prateado e ficam mais pálidos para baixo em direção à linha lateral; esta caracteriza-se por uma listra bastante larga marrom-acinzentada, que pode ser mais escura ou mais clara, mas é sempre muito evidente; abaixo desta os lados são de brilho prateado, e, finalmente, esta cor torna-se branco-porcelana no ventre. Às vezes encontram-se, principalmente nos indivíduos mais jovens, ao longo de todo o alto do dorso, linhas transversais escuras, que, entretanto, nunca alcançam a linha lateral, terminando um par de fileiras de escamas acima desta. A nadadeira adiposa é marrom-amarelada, todas as demais nadadeiras esbranquiçadas, sem qualquer cor mais viva. A pupila é negra, a córnea prateada em sua parte mais inferior, cinza, quase preta, na parte superior, embora se encontre mesmo na parte escura uma estreita borda prateada bem perto da pupila. Parece que a cor na época de reprodução fica um pouco mais viva, e, nas fêmeas com ovários fortemente aumentados, os lados do corpo emitem reflexos violeta-avermelhados em certas direções. O número de cecos no intestino é 10'' (R.).

Esta espécie é muito freqüente no Rio das Velhas e seus afluentes; não alcança tamanho muito grande e só raramente é utilizada como alimento; de umas duas dúzias de indivíduos, que Reinhardt obteve nas diferentes estações do ano, nenhum era maior que o mencionado acima. Diferentemente da espécie anterior, é chamada ``timboré-rajado'' ou o timboré com listras. A época de reprodução pode-se considerar que começa no final de fevereiro; já no início desse mês, Reinhardt obteve indivíduos cujos órgãos sexuais estavam desenvolvidos em alto grau, e em vários deles, que foram trazidos de 17 a 25 de fevereiro, as ovas verde-pálidas já estavam saindo pela abertura genital; parece que o peixe nessa época morde mais facilmente o anzol que em outras. (R.)

Nota. O número de dentes não é considerado em Leporinus como característica de espécie por Agassis, Valenciennes, Müller e Troschel, Kner ou por Günther, e só excepcionalmente é mencionado nas descrições de espécie. Examinando essa relação a fundo, obtém-se a seguinte visão geral das 4 espécies do Rio das Velhas:

A) Com ${{3}\over{3}}$ dentes:
    1.
    L. elongatus Val. O focinho avança fortemente à frente na parte inferior da boca; as dobras das comissuras da boca terminam abaixo das narinas posteriores. A nadadeira anal abaixada fica longe da caudal. Escamas da linha lateral: 42 (40-41); 30 (${{6}\over{7}}$) fileiras de escamas na parte anterior do corpo. Nenhum desenho.
    2.
    L. Reinhardti Ltk. O focinho não avança à frente da parte inferior da boca; as dobras das comissuras da boca terminam abaixo das narinas anteriores. A nadadeira anal abaixada fica longe da caudal. Escamas da linha lateral: 38 (39); 30 (${{6}\over{7}}$) fileiras de escamas da parte anterior do corpo. Três manchas escuras de cada lado, a mais anterior abaixo da nadadeira dorsal, a última perto da raiz da nadadeira caudal.
B) Com ${{3}\over{4}}$ dentes:
3.
L. tæniatus Rhdt. O focinho não avança à frente da parte inferior da boca; as dobras das comissuras da boca terminam abaixo das narinas anteriores. A nadadeira anal abaixada alcança, ou quase, a caudal com sua ponta. Escamas da linha lateral: 37-38; 26 (${{5}\over{6}}$) fileiras de escamas na parte anterior do corpo. Uma faixa escura ao longo da fileira de escamas da linha lateral.
4.
L. Marcgravii Rhdt. O focinho não avança à frente da parte inferior da boca; as dobras das comissuras da boca terminam abaixo das narinas anteriores. A nadadeira anal abaixada fica longe da caudal com sua ponta. Escamas na linha lateral: 36-37; 22 (${{4}\over{5}}$) fileiras de escamas na parte anterior do corpo. Três fileiras de grandes manchas escuras ao longo dos lados do corpo.

Em outras espécies, que tive oportunidade de examinar, encontrei ${{3}\over{4}}$ dentes em L. fasciatus Bl.; ${{4}\over{4}}$ em L. Frederici, L. nigrotæniatus Bl. e na espécie Leporellus pictus Kn. descrita adiante.



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Luiz Paulo Ribeiro Vaz 2002-06-20