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11. Tetragonopterus rivularis Lkt.

(prancha V, figs. 13 e 14.)

Esta espécie, que além de ocorrer no Rio das Velhas, ocorre também em diversos dos pequenos riachos que nele deságuam (Quebra, Ribeirão do Mato, Sumidouro, Olhos D'água, Açude das Contendas, Brumado), e que na região de Lagoa Santa se chama ``piaba'', genericamente como as outras espécies, ou, especificamente, ``piaba-do-córrego'', parece não alcançar o tamanho das espécies anteriores, uma vez que o maior de uma grande quantidade de exemplares disponíveis possui somente 4 1/4 polegadas da ponta do focinho até a ponta da cauda. Ela se assemelha, tanto na forma do corpo como em seu aspecto geral, bastante bem a T. Cuvieri. As diferenças mais importantes são as seguintes: 1) o número de escamas ao longo da linha lateral (ou em sua continuação) é, na média (se não absolutamente), algo menor, ou seja 33-38; existem, também em média, menos fileiras de escamas na altura, ou seja 5-6 acima, 6-7 abaixo da linha lateral (na parte anterior do corpo), as fileiras ímpares acima e abaixo não consideradas, como de costume; 2) o número de estrias sulcadas é, na média, grande: 7-12-19 nos exemplares maiores, 5-10 nos menores; com ajuda dessa característica é, em geral, possível distinguir facilmente esta espécie da anterior. 3) Ao lado de exemplares com linha lateral completa, encontram-se aqui exemplares, tanto jovens como adultos, com a linha lateral mais ou menos incompleta (interrompida), nos quais ela é interrompida um pouco antes da metade, por volta da décima segunda escama, décima quinta, às vezes já na oitava ou nona; ou desaparece somente na sua parte final, na própria raiz da cauda, ou a linha lateral interrompida continua novamente por uma pequena extensão, um pouco mais atrás; às vezes não há, com relação a essas características da linha lateral, concordância nem entre os dois lados do mesmo peixe. Dessa maneira, não é possível considerar essas formas com linha lateral interrompida como uma subespécie válida (variedade interrupta), nem como uma espécie válida, e com relação a isto vou adicionar que nos pequenos cardumes de uma dúzia de exemplares da ``piaba-do-córrego'', que Reinhardt capturou em cada um dos pequenos riachos mencionados acima e que freqüentemente possuíam uma certa característica local para cada pequeno riacho (por exemplo, serem no conjunto mais claras ou escuras ou relativamente mais curtas na forma do corpo, etc.), existiam na maioria dos casos tanto exemplares com linha lateral completa como com linha lateral interrompida. 4) Finalmente, esta espécie tem, em média, menos raios na nadadeira anal: 3+18 é o número mais freqüente, mas este pode variar de 3+16 até 3+21. Para completar a informação sobre esta espécie, deve-se ainda adicionar que o comprimento da cabeça é contido 4 vezes ou pouco menos e a altura cerca de 3 (2 2/3 -3 1/6 ) no comprimento total. O tamanho dos olhos também está sujeito a uma certa variação, já que seu diâmetro pode estar contido de 3 1/3 até acima de 4 vezes no comprimento da cabeça e ser quase igual à largura da testa ou ter apenas dois terços dela. Os ossos infra-orbitais são, em geral, algo arqueados e bem providos de estrias raiadas; o osso maxilar alcança em geral até bem abaixo dos olhos, mais raramente apenas até a linha vertical traçada a partir de sua borda anterior. Com relação aos dentes, quero somente notar que, freqüentemente, existem 5 dentes no intermaxilar na primeira série, o osso maxilar possui 1-3 dentes pequenos. A altura da nadadeira dorsal é, em geral, menor que sua distância da nadadeira adiposa; a ponta da nadadeira peitoral nunca alcança a nadadeira ventral.

Com relação à cor e aos desenhos, deve-se notar que esta espécie pode ter uma faixa lateral prateada bem desenvolvida, que termina em uma mancha preta na cauda, a qual, por sua vez, se estende como uma faixa escura ao longo da nadadeira caudal; mas essa faixa lateral pode ser fraca e até faltar completamente (a precária condição de conservação de alguns exemplares pode, porém, ter parte da culpa nisso); existe freqüentemente uma nítida mancha escura atrás da região escapular, principalmente nos exemplares mais jovens e, em geral, a faixa lateral é mais escura e a mancha na cauda mais nítida, quanto mais jovens eles forem. No peixe vivo, a cor é, de acordo com Reinhardt, ``verde-oliva acinzentado claro, mas recebe para baixo e dos lados leves toques de um brilho prateado, que no ventre, principalmente entre as nadadeiras ventrais e a anal, transforma-se em reflexos metálicos de forte vermelho-sangue. A nadadeira dorsal é amarelo-esverdeada em sua maior parte, para cima em direção à sua borda superior torna-se avermelhada; a nadadeira caudal é amarelo-esverdeada com uma larga borda vermelha, a nadadeira anal amarelo-esverdeada ao longo da base por uma pequena extensão, mas vermelha em sua maior parte; as nadadeiras peitorais e, mais especificamente, as ventrais são vermelhas ao longo de todo seu comprimento. A íris é brilhante, amarelo-esverdeada. Algumas poucas escamas do corpo são circundadas posteriormente por uma borda escura. A cor vermelha não é, em geral, igualmente forte ou distribuída em todos os indivíduos, às vezes as nadadeiras são dominadas pelo vermelho, às vezes pela cor amarelo-esverdeada''.

Reinhardt anota ainda que ``o pequeno Tetragonopterus, que os brasileiros chamam de ``piaba-do-córrego'', foi por ele freqüentemente obtido em um pequeno riacho por onde a Lagoa Santa derrama sua água excedente, e que nem mesmo no tempo da seca fica sem água. Ao contrário, ele nunca o viu ser capturado na própria lagoa e, apesar de ele ter observado muitas centenas de meninos realizando a pesca da ``piaba-do-lago'', nunca havia ali uma única ``piaba-do-córrego'', e, vice-versa, ele nunca viu a ``piaba-do-lago'' ser pescada no riacho.''



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Luiz Paulo Ribeiro Vaz 2002-06-20