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O Gênero Tetragonopterus.

As 5 espécies desse gênero, que Reinhardt trouxe da Lagoa Santa e suas redondezas, pertencem àquelas nas quais o número de raios da nadadeira anal não supera 40, o osso maxilar é quase ou totalmente sem dentes, alcançando no máximo abaixo da porção mais à frente dos olhos, e nas quais o suporte da nadadeira dorsal se situa (talvez somente um pouco) atrás do suporte das nadadeiras ventrais. Elas são, portanto, muito próximas entre si e, apesar do material disponível para exame chegar a 600 exemplares, houve dificuldades em traçar um limite entre as espécies120 e talvez nem todas tenham sido superadas. A forma do corpo apresenta claramente algumas diferenças: uma espécie é mais alta, outra mais alongada ou mais baixa, mas, em parte, essa proporção sofre grandes variações com a idade, de modo que os jovens de uma espécie alta são mais ou menos tão baixos quanto os jovens de mesmo tamanho de espécies mais alongadas; em parte, como se verá na descrição seguinte, específica de T. lacustris, isto é devido a diferenças individuais tão grandes que uma espécie, que muito bem se caracteriza por sua altura, pode, mesmo quando adulta, mostrar-se com um aspecto tão afilado quanto outras. O número de escamas é também claramente variável até certo grau nas diferentes espécies; uma tem, por exemplo, 34-35 escamas ao longo da linha lateral, uma segunda 33-38, uma terceira 38-39; mas limites absolutos não podem ser obtidos também por esse meio. Do mesmo modo, o número de fileiras de escamas verticais pode ser utilizado somente com cuidado; pois na maioria das espécies encontra-se uma variação de 1, às vezes 2 ou, possivelmente, até 3 fileiras de escamas na parte anterior do corpo, tanto acima como abaixo da linha lateral. Algumas espécies possuem usualmente poucas, outras muitas, estrias sulcadas nas escamas, mas, em parte, o número dessas estrias aumenta com a idade, de modo que o jovem sempre possui menos, às vezes muito menos, que o peixe mais ou menos desenvolvido; em parte, existe uma diferença extremamente grande entre o número dessas estrias em diferentes partes do corpo do mesmo peixe; no geral, existem menos nas escamas do dorso e mais nas escamas do ventre que ficam mais próximas das nadadeiras ventral e anal. Decepções semelhantes nos causa o número de raios das nadadeiras; o número normal da nadadeira dorsal é 11 (2+9), e as discrepâncias (nas espécies descritas aqui) em geral são puramente de caráter individual; nas nadadeiras ventrais é quase sempre constante, 8; somente uma pequena espécie, T. nanus, destaca-se por sempre ter 7. A nadadeira anal apresenta diferenças bem características, pois, enquanto algumas espécies (T. Cuvieri e lacustris, por exemplo) geralmente possuem mais (24-31) que outras (T. rivularis e gracilis: 19-24; T. nanus 17-19), em muitos casos essa diferença também não nos ajudará a alcançar uma decisão precisa, pois uma diferença de 4-6 raios dentro da mesma espécie não é rara, e pode ser ainda maior. As duas menores espécies aqui descritas apresentam sempre linha lateral incompleta (pela metade), uma peculiaridade na qual o Prof. Gill baseou seu gênero Hemigrammus121; mas em outros casos essa característica mostra-se muito variável. Mesmo que se dê um peso menor - o que, entretanto, não deixarei de mencionar nesta oportunidade - ao fato de se poder encontrar, em espécies nas quais a linha lateral normalmente é completa, indivíduos nos quais ela é interrompida em um pequeno trecho (o que, entretanto, pode ser considerado apenas como uma irregularidade individual) ou, ainda, jovens alevinos (por exemplo de T. lacustris) em que ela seja difusa em sua parte traseira, de modo que a interrupção da linha lateral nos adultos de algumas espécies talvez possa ser considerada como uma suspensão no seu processo de formação, deve ser um fator decisivo o fato de existir uma das espécies em questão (T. rivularis) na qual a linha lateral pode ser completa, quase completa ou somente desenvolvida em dois terços ou um terço do comprimento do corpo, pelo que na descrição desta espécie entrar-se-á em maiores detalhes. Os dentes não mostram quaisquer diferenças importantes nas espécies maiores; encontro na fileira da frente do osso intermaxilar 4-5 dentes de cada lado (3, quando 1 ou 2 foram arrancados), separados por um pequeno espaço no meio; na segunda fileira, do mesmo modo, 4-5 de cada lado, mas aqui existe um contato imediato na linha medial; e esses dentes internos, que em parte se alternam com os da frente, são providos com mais cúspides (5-7) que aqueles externos, que possuem somente 3; atrás dos interiores se vêem em geral 1-3 pequenos dentes de cada lado, no osso maxilar. Na maxila inferior existem sempre à frente, de cada lado, 4 dentes maiores com várias cúspides (5-8); estes diminuem em tamanho, como na segunda fileira do osso intermaxilar, do meio para os lados e para trás - embora o segundo dente a partir do meio seja sempre menor que seus vizinhos - e são seguidos por 6-8, no máximo 11, menores, dos quais porém o mais anterior se aproxima em forma e tamanho dos maiores, como se constituísse uma transição para os localizados mais para trás, de tal forma que às vezes é muito arbitrário contar 4 ou 5 de cada lado como sendo os maiores. Também os menores dentes da maxila inferior são, como os pequenos dentes da maxila superior, em geral providos de várias pontas. (Nas espécies menores, T. gracilis e nanus, a forma dos dentes simplifica-se um pouco, fato a que nos referimos na descrição dessas espécies a seguir.) - A cor e os desenhos são tão uniformes neste gênero, que nos casos duvidosos não fornecem qualquer ajuda especial na separação das espécies; neste aspecto, como nos demais, aparece o mesmo padrão em toda a série de espécies. Não se pode, portanto, ater-se exclusivamente a uma única característica, mas é necessário levar em consideração várias delas e deixar-se influenciar pela impressão geral, ao mesmo tempo. É claro que as dificuldades aumentam, quando se trata de identificar exemplares jovens ou alevinos; e essas dificuldades tornam-se menores e secundárias, quando se atenta para o fato de que na Lagoa Santa ocorre uma espécie que raramente atinge 2 polegadas, e outra que nunca supera 1 polegada de comprimento. O quadro geral abaixo pode orientar provisoriamente em relação às características mais adequadas para identificar as 5 espécies aqui mencionadas, que considero ser todas novas.


\begin{displaymath}\left. \matrix{
{\rm {\it T.~lacustris\/}~Rhdt.~A:~3 + {\bf 2...
...a~lateral~completa.}\cr
~\,(Linea~lateralis~continua.)\,~\cr
} \end{displaymath} \begin{displaymath}\left. \matrix{
{\rm\hphantom{\it T.~}menos~evidente.~Mancha~...
...}\cr
{\rm (pela~metade)}\cr
(Linea~lateralis~interrupta.)\cr
} \end{displaymath}


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Luiz Paulo Ribeiro Vaz 2002-06-20