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4. Leporinus elongatus Val.

( L. pachyurus Günth., vix Val.)

Os Leporinus assemelham-se tanto entre si nos traços gerais, que considero pouco útil dar descrições detalhadas das espécies que tive de tratar como novas, ou de uma mais antiga, que até agora estava somente descrita de forma incompleta: será suficiente salientar alguns traços principais.

L. elongatus é descrita de forma muito imprecisa por Valenciennes, que teve como base um exemplar de 16 polegadas de comprimento que Aug. de St. Hilaire trouxe do Rio São Francisco; além desse, D'Orbigny tinha trazido um exemplar, com 1 pé de comprimento, do Rio da Prata, pescado perto de Buenos Aires. De uma espécie de Leporinus, que concordo com o Prof. Reinhardt em considerar como L. elongatus, esse naturalista trouxe três exemplares do Rio das Velhas, dos quais o maior tem um pouco mais de 10 polegadas de comprimento, o menor um pouco mais de 7 polegadas. Sobre estes será suficiente falar que a maior altura do corpo (à frente da nadadeira dorsal) é contida 3 1/3 vezes ou um pouco mais (3 13/20 ) no comprimento total, da ponta do focinho até o limite entre a nadadeira caudal e a cobertura de escamas; o comprimento da cabeça (membrana opercular incluída) cabe 4 vezes ou um pouco mais (um sétimo ou até um oitavo) no mesmo comprimento total. O olho situa-se bastante alto do lado da cabeça e está eqüidistante da ponta do focinho e da borda da abertura branquial, ou um pouco mais próximo desta última, quando a membrana do opérculo não é considerado; se o for, está um pouco mais próximo da ponta do focinho. O diâmetro dos olhos é contido de 2 a 2 1/2 vezes na distância existente entre eles e, aproximadamente, 6 vezes no comprimento da cabeça; nos mais jovens esse diâmetro é relativamente maior. O focinho avança bem à frente do lábio inferior, e a boca é relativamente grande, de modo que o ponto final das dobras das suas comissuras se situa abaixo das narinas triangulares de trás, as quais são equipadas na parte da frente com uma dobra de pele; as anteriores são, como é comum, da forma de um trompete ou corneta. O número de dentes é ${{3}\over{3}}$ de cada lado, os da frente, em cada maxila, são em geral os mais longos, todos marcadamente obtusos nos exemplares maiores. Dois exemplares possuem 42 escamas em fila na linha lateral, o terceiro, menor, 40-41103; a parte da frente do corpo, à frente das nadadeiras dorsal e ventrais, possui 6 fileiras de escamas acima e 7 abaixo da linha lateral, além desta e das ímpares no meio do dorso e do ventre; dessa forma, 30 no total. As escamas possuem em sua borda livre uma superfície delicada, finamente vermiculada e um maior ou menor número de linhas radiais ou estrias espalhadas, que são muito mais numerosas nos exemplares mais velhos que nos mais jovens, e mais numerosas na parte póstero-inferior do corpo que na parte ântero-superior. As nadadeiras peitorais não alcançam as nadadeiras ventrais (mas vão além da metade da distância até estas); o mesmo se verifica com a nadadeira anal, em relação à nadadeira caudal. O número de raios é dado da forma mais correta como segue: D.: 13 (2.11); P.: 17 (raramente 18); V.: 9; A.: 11 (2.9)104; C.: 3.17.3 (ou seja, 3 não divididos acima e abaixo; dois destes são, entretanto, muito curtos). O primeiro raio da nadadeira dorsal é mais que a metade do comprimento do segundo. Não existem, nos exemplares conservados em álcool, traços de qualquer padrão.

Um exemplar empalhado de Leporinus do Rio Cipó (um afluente do Rio das Velhas como mencionado anteriormente) não foi considerado por Günther como L. elongatus (que ele nunca tivera a oportunidade de dissecar), mas como L. pachyurus Val., espécie originalmente descrita do Rio Amazonas (de acordo com Castelnau oriunda do Araguay), que também alcança um tamanho de 17 polegadas. Eu não posso senão pensar que é muito mais provável que a espécie que ocorre no Rio Cipó seja o L. elongatus Val. aqui descrita; a curta descrição feita por Günther mostra também grandes discrepâncias das características que Valenciennes fornece para seu L. pachyurus; e o nome popular, ``piao'', dado a este peixe trazido por Cumberland, é claramente o mesmo pelo qual, segundo Reinhardt, é chamado nas margens do Rio São Francisco e da Lagoa Santa, ou seja, ``piau''105.

Reinhardt dá a seguinte descrição sobre as cores: ``Nos indivíduos recém-pescados a superfície da testa é cinza-esverdeado e a mesma cor toma todo o dorso, mas produz em determinadas direções um brilho prateado; os lados da cabeça e do corpo e toda a superfície do ventre são branco-prateados; as nadadeiras dorsal e adiposa possuem uma cor esverdeada; as nadadeiras peitorais são, às vezes, amarelo-pálidas às vezes, amarelo-alaranjadas mais vivas; as nadadeiras ventrais, a anal e a caudal possuem uma maravilhosa cor vermelho-alaranjada, a última delineada com uma borda preta. A córnea tem uma cor prateada. Apesar de eu ter visto um bom número de indivíduos, nunca notei que esta espécie variasse em cor''.

Reinhardt obteve esta espécie somente dos rios maiores, mas não dos lagos da região onde esteve; o maior indivíduo que obteve tinha um comprimento de 17 polegadas. Apesar de não estar entre os peixes mais valiosos, possui um sabor muito agradável; morde o anzol, mas não é capturado em grande quantidade na região de Santa Luzia e Lagoa Santa. Nos indivíduos trazidos a Reinhardt em meados de fevereiro, os ovários ainda estavam bastante pequenos e as ovas tinham uma cor avermelhada.



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Luiz Paulo Ribeiro Vaz 2002-05-21