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19. Rhamdia Hilarii (Val.)

Pimelodus Hilarii Val., Hist. nat. d. poissons, vol. XV, p. 180.

Das Rhamdia - ou seja, Pimelodina cujo processo occipital e o escudo pré-dorsal não se encontram e que possuem o primeiro raio da nadadeira dorsal fraco e flexível - que habitam o Rio das Velhas, vou descrever primeiramente uma espécie desse grupo que se destaca por ter 7 ou 8 (em vez de comumente 6) raios bifurcados na nadadeira dorsal (além dos primeiros não divididos). O Prof. Reinhardt trouxe uma grande quantidade de exemplares dessa espécie tanto do rio quanto do lago (Lagoa Santa) e seus arredores. É sem dúvida a mesma espécie que St. Hilaire trouxe dos afluentes do São Francisco e que os moradores chamam ``jandia''; em Lagoa Santa é chamado de ``bagre'' (de vez em quando de ``mandi-bagre'', cujo nome, entretanto, pertence a uma outra espécie, de acordo com o que está descrito para Bagropsis Reinhardti Ltk.). O maior exemplar tem 12 polegadas de comprimento (o de St. Hilaire, 9-10)77. A espécie mostra, especialmente no número de raios das nadadeiras, uma variação maior do que a que eu já havia observado em alguns outros Pimelodina, e, dessa forma, isso se torna uma advertência com respeito a dar-se um significado muito grande a pequenas variações nessas relações.

Descrição. A forma é no geral alongada, o corpo algo comprimido e a cabeça, ao contrário, um pouco deprimida, o focinho bastante largo e chato; existe uma depressão em forma de um losango (que normalmente não se percebe, porque a pele é solta e lisa em sua volta) entre o meio da testa e o focinho. No maior dos exemplares

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disponíveis observa-se nítidamente os limites do ``capacete'', seu estreitamento sobre a parte anterior do pré-opérculo, seu curto e pontudo processo occipital, etc., e também o fraco estriamento que também ocorre no opérculo que, entretanto, é quase sempre completamente escondido sob a pele macia. Sob a pele da parte superior da cabeça estão espalhados irregularmente pequenos buquês esbranquiçados de canais de muco ramificados, que são mais ou menos nítidos de acordo com o indivíduo. O comprimento da cabeça é contido 4-5 vezes no comprimento total (até a ponta do lobo arredondado da nadadeira caudal profundamente bifurcada); sua largura é igual ou maior que a maior largura do corpo (que é igual à frente da nadadeira adiposa e à frente da primeira nadadeira dorsal) e a dois terços de seu próprio comprimento. Os olhos, cujo diâmetro é contido 6-71/2 vezes no comprimento da cabeça e 2 a quase 21/2 vezes na largura da testa (o espaço entre os olhos) (nos exemplares mais jovens são relativamente algo maiores), situam-se um pouco mais próximos da ponta do focinho que da abertura branquial e voltam-se mais para cima nos indivíduos mais jovens e de cabeça mais chata, e mais para os lados nos completamente desenvolvidos. As narinas posteriores situam-se um pouco para dentro da linha que liga as narinas anteriores aos olhos, e estão mais próximas dos olhos que destas, ou a meia distância entre ambos. A largura da fenda da boca é aproximadamente igual à distância dos olhos até a fenda branquial, e a maxila superior avança um pouco à frente da maxila inferior. Os barbilhões superiores alcançam o final da primeira nadadeira dorsal - em outros exemplares um pouco além da origem da nadadeira adiposa ou até a ponta das nadadeiras ventrais - o segundo par, até a raiz das nadadeiras peitorais; o terceiro é ainda um pouco mais curto. O comprimento da primeira nadadeira dorsal é maior que sua altura ou igual, e, do mesmo modo, igual à altura da nadadeira anal e ao espaço entre as nadadeiras dorsais ou maior; a nadadeira adiposa é longa, mas seu comprimento um tanto variável, em alguns, por exemplo, é um pouco maior que o comprimento da cabeça, não alcança um terço do comprimento total (sem considerar a nadadeira caudal), mas é um terço da distância da ponta do focinho até a borda posterior da caudal; na maioria, entretanto, alcança acima de um terço do comprimento total (sem considerar a nadadeira caudal); ela é ainda, no mínimo, o dobro do tamanho da primeira nadadeira dorsal e acima de 2 vezes, ou 21/2 -3 vezes, o tamanho da nadadeira anal e 3-5 vezes sua distância da primeira nadadeira dorsal. O primeiro raio da nadadeira dorsal é fino e liso e, mesmo que se considere sua parte macia, não é tão longo como o segundo; a parte ossificada do raio duro das nadadeiras peitorais pode ser tão longa quanto a distância entre o olho e a ponta do focinho ou ainda maior; livre da pele que o recobre, exibe alguma serrilha ao longo da parte externa de sua borda anterior; os jovens têm ademais serrilha ao longo da borda posterior, e mesmo os mais crescidos apresentam traços desta. As nadadeiras ventrais situam-se abaixo ou logo atrás dos últimos raios da nadadeira dorsal. A abertura genital, que é igual em ambos os sexos, fica na ponta de um intumescimento genital alongado, um pouco atrás do ânus, a meio caminho entre as nadadeiras anal e ventrais. - Na significativa série de exemplares disponíveis (29), existe - como transparece na descrição precedente - uma certa variação que inclui diferenças, as quais normalmente se usam com sucesso para caracterizar espécie; e, particularmente, poderia separar-se uma forma mais curta e outra mais alongada, mas existem todas as formas intermediárias entre estas, e tal diferença - que também não pude determinar como sendo referente à idade ou ao sexo - não se relaciona com outra, por exemplo, referente ao número de raios. Temos de expressar estes últimos do seguinte modo: D.: 1.7-8; P.: 1.8-10 [6-7]; V.: 6; A.: 12-14 [11] = 4 [3, 5, 6] + 8-9 [7, 10, 11]78 . Os números sete e oito na nadadeira dorsal não ocorrem com igual freqüência; dos 29 exemplares, 12 possuíam oito raios bifurcados na nadadeira dorsal e 17 somente sete. A cor (nos exemplares conservados em álcool) é marrom-claro ou escuro (nos exemplares conservados em álcool) é marrom, claro ou escuro, com manchas escuras mais ou menos nítidas - às vezes quase inexistentes -; a nadadeira dorsal tem a faixa clara paralela à sua linha de base e um pouco acima, característica dos Rhamdia. Reinhardt descreve o peixe vivo do seguinte modo: ``Possui no dorso e nos lados um salpicado escuro, acinzentado, o qual não aparece na cabeça, ventre e nadadeiras, à exceção da nadadeira adiposa, que possui uma orla muito estreita de cor cinza, quase negra; um reflexo dourado-esverdeado (principalmente na cabeça) espalha-se pelo dorso, ao passo que o ventre é branco com brilho de madrepérola; o olho é acinzentado e, próximo da pupila negra, encontra-se um estreito anel dourado, que não é nitidamente delineado, mas vai gradativamente mudando de cor até a parte cinza generalizada da íris. Os barbilhões superiores são dourado-acinzentados, os do mento, brancos; as nadadeiras, especialmente a caudal, possuem um brilho amarelado''79.

Rh.Hilarii é, de acordo com Reinhardt, ``um peixe extremamente resistente; o exemplar que acabamos de descrever foi capturado com anzol e tinha, por isso, um grande ferimento em um dos lados da cabeça e, além disso, foi-me trazido com as nadadeiras já ressecadas; apesar disso, ganhou forças novamente assim que foi colocado em uma bacia com água e lá viveu por mais 3 dias sem que a água fosse trocada mais que uma vez, poucas horas antes de morrer''. Na fêmea capturada no dia 14 de janeiro, as ovas amarelas como gema já saíam do ventre.

No vale do Rio das Velhas, encontramos duas espécies de Rhamdia com 6 (excepcionalmente 5) raios bifurcados na nadadeira dorsal; a primeira caracteriza-se pelo número de raios incomumente grande na nadadeira anal e pelo comprimento igualmente incomum desta.



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Luiz Paulo Ribeiro Vaz 2002-05-21