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15. Pimelodus Westermanni Rhdt.

(pranchas II e III, fig. 4)

Se, como necessariamente ter-se-á de fazê-lo, o gênero Pimelodus for limitado às espécies (Seção A de Günther) que possuem cabeça em forma de carapaça (``granulada''), cujo ``processo occipital'' se encontra com o ``escudo pré-dorsal'' em forma de sela à frente da nadadeira dorsal, e um raio duro relativamente forte e rígido à frente desta, a série pode bem começar com P. ornatus Kner, de focinho especialmente largo, na qual a faixa de dentes, particularmente na maxila superior, tem uma largura muito pronunciada; depois vem a recém-mencionada P.maculatus Lac., na qual o focinho já é mais estreito e, em concordância com ele, a faixa de dentes, especialmente na maxila superior, é muito mais estreita em ambos os aspectos (no comprimento e na largura); nesses dois aspectos, P.Valenciennes Kr. (do Rio da Prata), que descrevi em outro lugar, novamente dá um passo além; mas esta tem uma posição excepcional na série, pelo fato de a nadadeira adiposa ser relativamente curta, pouco maior que a nadadeira dorsal e não maior que a anal, a qual, por outro lado, é maior e constituída de um número maior de raios (4+13) que em P. labrosus Kr. (também do Rio da Prata) e P.Westermanni, mesmo que a nadadeira adiposa aqui seja de um tamanho maior; mas o que especialmente marca essas duas espécies, e tanto que, talvez, se devesse separá-las como um gênero distinto, se isso não fosse considerado uma continuação direta do desenvolvimento seguido pelas espécies anteriores, é o focinho estreito, quase em forma de um cone pontudo, a boca constrita, os lábios largos e a arcada dentária extremamente fraca - em P.Westermanni, esta é completamente inexistente na parte de cima da boca -, o que é uma evidente aproximação de Conorhynchus. Seria, porém, ainda menos natural incluir essas espécies em Conorhynchus, com uma nadadeira adiposa notavelmente pequena, barbilhões curtos, etc.; seu lugar natural é no final do verdadeiro gênero Pimelodus, mais perto do ``bagre-tamanduá'', mas parece-me também que o gênero Pimelodus (strictu sensu), com a assimilação dessas novas formas, ganha tanto em conteúdo de formas, que se torna duplamente natural limitá-lo nesse aspecto74 e eliminar as demais subdivisões do gênero mais antigo.

Descrição. A forma é afilada, cabeça e corpo algo comprimidos, o focinho estreito, um pouco alongado, com perfil curvo, terminando em uma boca pequena, constrita e voltada para baixo, circundada de todos os lados por lábios livres, voltados para trás e um pouco intumescidos; o comprimento da cabeça é um quarto do comprimento total (sem a nadadeira caudal, um quinto com esta), sua largura a metade de seu comprimento; sua maior altura é igual ao comprimento do raio duro da nadadeira dorsal. A cabeça é parcialmente coberta com uma pele fina e macia, mas a maior parte do chamado ``capacete'', incluída entre a borda posterior dos olhos e o ``processo occipital'', há que se dizer que é nua; essa parte da cabeça é ainda fracamente estriada e granulada; também o curto e largo processo escapular tem uma escultura mais ou menos forte, e no opérculo vê-se um delicado estriamento; o ``processo occipital'' tem a forma comum estreita, arqueada e triangular e se situa imediatamente adjacente ao ``escudo pré-dorsal'', que é estreito e granulado na frente. Os olhos voltam-se mais para o lado; seu diâmetro é aproximadamente um quinto do comprimento da cabeça, um pouco menor que a distância entre eles; a fontanela se estende em ponta para a frente e atrás é larga, alinhada com a borda de trás dos olhos; as narinas posteriores situam-se a meio caminho entre a borda anterior destes e a ponta do focinho. Não há traços de dentes na parte superior da boca, e na inferior há somente uma faixa curta e estreita, interrompida no meio (ou, se se preferir, dois grupos de dentes muito pequenos, quase invisíveis, separados um do outro, um de cada lado da sínfise). O raio duro da nadadeira dorsal é bastante forte, um pouco curvado, pontudo, liso na frente, serrilhado atrás, especialmente na sua parte superior; seu comprimento é a metade de sua distância até a ponta do focinho, um quinto mais longo que o das nadadeiras peitorais, que normalmente é mais largo e nitidamente dentado, ao longo tanto da borda frontal como da posterior. A distância entre as nadadeiras dorsais é maior que o comprimento da primeira, mas muito menor que o da segunda (o da nadadeira adiposa), que tem mais do dobro do tamanho da nadadeira anal; sua maior altura ocorre atrás da nadadeira adiposa. Existe um grande espaço entre a ponta das nadadeiras peitorais e as ventrais, e entre estas e a nadadeira anal. Os barbilhões superiores alcançam até a raiz da nadadeira caudal ou ainda até a sua bifurcação, o segundo par até a raiz das nadadeiras peitorais, o terceiro até a abertura branquial, ou quase. Número de raios: D.: 7 (1.6); P.: 1.10 (9); V.: 6; A.: 12-13 (4.8-9). Tamanho: até 91/2 polegadas. A cor é amarronzada em cima, raramente com fracos traços de manchas, branco-prateada ou dourada embaixo. No peixe vivo a cor é descrita do seguinte modo: ``Ele tinha um brilho prateado puro por todo o corpo, ficando um pouco mais cinza sujo somente nas costas, onde se encontram algumas poucas manchas pequenas ou, melhor dizendo, respingos, quase apagados e pouco nítidos; as nadadeiras dorsal, caudal e adiposa são claras, esbranquiçadas, delicadamente margeadas de preto, as nadadeiras peitorais, ventrais e anal são branco-amareladas''. Uma outra anotação soa assim: ``A cor é verde-oliva por cima, ficando gradativamente mais clara descendo pelos lados, até tornar-se branca no ventre; a parte de cima é densamente ocupada com pequenas manchas escuras, que começam logo atrás da cabeça. Do brilho dourado, muito comum no corpo da maioria das espécies, quase não havia traços; todavia, é possível que tenha sido retirado por esfregamento. As nadadeiras ventrais e anal são de cor amarelo-pálida, a nadadeira caudal também, com vários raios escuros, acinzentados, principalmente no lobo inferior, e com uma estreita e escura moldura ao longo da borda''. (R.)

Reinhardt trouxe 5 exemplares desse peixe do Rio das Velhas; ele se chama no Brasil ``papa-isca-açu'' ou ``comedor de iscas grande'', possivelmente devido à sua semelhança com a espécie apresentada a seguir. No final de janeiro, as fêmeas têm os ovários repletos de óvulos do tamanho da cabeça de um alfinete.



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Luiz Paulo Ribeiro Vaz 2002-05-21