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10. Platystoma emarginatum Val.

Cuvier & Valenciennes: hist. natur. d. poissons, prancha XV, p. 25.

Dessa espécie, já trazida por Aug. de St. Hilaire do Rio São Francisco, Reinhardt coletou 7 exemplares no Rio das Velhas; o maior deles tem aproximadamente o mesmo tamanho do exemplar de St. Hilaire (15 polegadas), mas a espécie alcança ainda um tamanho significativamente maior. Seu nome brasileiro é ``mandi-açu'', ou o ``mandi grande''. À descrição de Valenciennes, que por sinal é suficiente, deve-se adicionar o seguinte:

\begin{figure}\noindent{\epsfxsize =.24\hsize\epsfbox{1.ps}}\end{figure}


A forma é bastante delgada, o corpo um pouco comprimido, a cabeça não muito deprimida; o comprimento da cabeça (até a borda da aba de pele do opérculo) contido 3 1/2 vezes no comprimento total, quando não se considera a porção bifurcada da nadadeira caudal; quando medida até a ponta do processo nucal, cabe nesse comprimento 3 vezes; sua largura medida posteriormente é igual a dois terços de seu comprimento e igual à maior altura à frente da nadadeira dorsal; na parte anterior a largura é igual à distância entre as partes inferiores das órbitas. Os olhos situam-se bem alto, um pouco mais distante da ponta do focinho que da borda do opérculo; o diâmetro destes é um sétimo do comprimento da cabeça, mas mais da metade da distância entre eles. A fontanela é pontuda à frente, arredondada atrás; começa um pouco à frente das narinas posteriores e termina um pouco à frente dos olhos. Os barbilhões superiores alcançam a nadadeira ventral ou a ponta destas, chegando mesmo a passá-las, os inferiores a abertura branquial, e os do meio um pouco além da base das nadadeiras peitorais. A faixa de dentes da maxila superior é, nas extremidades de cada lado, quase duas vezes mais larga (profunda) que no meio, a do vômer é um quadrilátero irregular com um profundo corte em forma de V na parte de trás, bem separado das estreitas e longas placas verdadeiras de dentes palatinos; nos exemplares mais jovens, a parte dentada do vômer é dividida em dois grupos ovais (às vezes, aproximando-se mais ou menos da forma de um losango ou ainda pontudos atrás), que podem se tocar à frente ou ser completamente separados. As nadadeiras ventrais estão inseridas em parte sob o último raio da nadadeira dorsal, em parte atrás, raramente inteiramente atrás, e nesses casos imediatamente atrás dela. A distância entre a nadadeira dorsal e a adiposa é mais curta que esta última, que tem o dobro do tamanho da nadadeira anal. Número de raios: B.: 9; D.: 1.6; P.: 1.10-11; V.: 6; A.: 11-14 (3-4, 8-10). A cor dos exemplares conservados em álcool é escura nas costas; o ventre e os lados abaixo da linha lateral são prateados ou amarelos como latão; há um par de manchas escuras de cada lado das costas, mas nenhuma na cabeça ou nas nadadeiras e, quanto mais jovem o exemplar, menos manchas ele tem, até desaparecerem por completo nos muito jovens. Reinhardt afirma em suas anotações que o Prof. Lund também teve vários exemplares desse peixe completamente sem manchas. Um exemplar fresco é descrito por Reinhardt do seguinte modo: ``Quando o peixe está vivo e coberto de muco, a superfície ventral parece madrepérola, é branca iridescente; sobre o restante da superfície do peixe, espalha-se um brilho dourado, e manchas bastante fracas e indefinidas são distribuídas por todo o corpo, sendo, porém, mais numerosas sob a nadadeira dorsal (onde estão mais ou menos ordenadas em 3 fileiras) e tornando-se mais raras em direção à nadadeira caudal. As nadadeiras não possuem manchas; as nadadeiras dorsal, adiposa e caudal partilham do brilho dourado do corpo e são delineadas com uma borda escura muito estreita, inconspícua (à frente e acima na nadadeira dorsal, acima na nadadeira adiposa e em toda a nadadeira caudal). Nas nadadeiras peitorais e ventrais o brilho dourado é mais fraco, desaparecendo em direção à sua extremidade, e de aparência menos metálica. A íris do olho possui um tom dourado-avermelhado, e é salpicada com numerosas pintas acinzentadas, que quase superam a cor amarela, à exceção de um fino anel bem perto da pupila''.

Em uma fêmea examinada em 8 de fevereiro, Reinhardt encontrou relativamente poucos óvulos no ovário branco-avermelhado, imersos em um substrato transparente. Estes, ao contrário, tinham uma aparência completamente diferente na fêmea examinada em 27 de fevereiro: o ovário estava muito mais intumescido, e os óvulos enchendo-o quase totalmente, de modo que quase não se via mais o substrato no qual os óvulos pareciam estar imersos no exemplar examinado no início do mês.

Sob a denominação ``urutu'' (cujo nome pertence a uma cobra venenosa!61) ou ``mandi-urutu'', foi trazido a Reinhardt um jovem dessa espécie com 5 polegadas de comprimento de uma gruta perto de Julião62; o pescador informou que este não aparece no Rio das Velhas, mas somente em riachos e nas grutas onde suas águas penetram e formam poções; mas ele sabia que o peixe deveria alcançar o tamanho de um ``mandi'' (Pimelodus maculatus) e ficar mais escuro com a idade. Como se pode inferir desses relatos, esse exemplar é simplesmente uma forma jovem do Platystoma emarginatum; como informação sobre as modificações que ocorrem nessa espécie com a idade, é oportuno anotar que os barbilhões superiores nesse exemplar jovem alcançam a nadadeira caudal, os inferiores as nadadeiras peitorais e os intermediários a ponta destas (é um fato comum nos bagres os barbilhões serem mais longos nos mais jovens); a faixa de dentes da maxila superior não é mais larga nas extremidades que no meio, os grupos de dentes do vômer são pequenos e bem distanciados, ao mesmo tempo que bem separados dos grupos alongados de dentes palatinos pequenos; os olhos são grandes, quase um quinto do comprimento da cabeça; as estrias e granulações da cabeça, inconspícuas. A cor é de um puro amarronzado, sem manchas nas costas, e branco-amarelada no ventre; Reinhardt descreve-a desse modo, a partir de um peixe fresco: ``a cor no ventre é branco-madrepérola (iridescente); nos lados, começam a aparecer pontinhos extremamente finos no fundo branco e a dar a essa parte uma aparência suja; para cima, em direção ao dorso, essas manchas tornam-se mais numerosas e unidas, e a cor do dorso fica então quase marrom-oliva-acinzentado, mas o peixe vivo parece, como a maioria dos Siluridæ, estar impregnado com um muco amarelo. Todas as nadadeiras são delineadas com uma borda preta, que é especialmente notável na primeira nadadeira dorsal. A córnea é prateada, a pupila é azul, quase preta, todas as nadadeiras são branco-amareladas, as nadadeiras peitorais e ventrais manchadas com pontinhos pretos; a cabeça é cinza-amarelada na parte de cima''.


\begin{figure}\noindent{\epsfxsize =.24\hsize\epsfbox{2.ps}}\end{figure}


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Luiz Paulo Ribeiro Vaz 2002-05-21