Seminário Geral: “Magnetismo: Vivam as Revoluções!”

Olhando o passado, poderíamos dizer que o magnetismo mudou o mundo três vezes ao longo da história. Primeiramente, a bússola permitiu explorar nosso planeta. No final do século XIX, a revolução eletromagnética mudou a indústria. Até a segunda metade do século XX, a maioria de aplicações do magnetismo era baseada em materiais ferromagnéticos e ferrimagnéticos. A partir dos anos 80, a possibilidade de produzir materiais magnéticos em condições de alto e ultra-alto-vácuo permitiu desenvolver novas ligas, aprimorar suas propriedades magnéticas e produzir nanoestruturas, que abriram novas áreas de interesse da física fundamental. O desenvolvimento de materiais com alta anisotropia magnética e a descoberta do efeito de magneto resistência gigante (GMR) são a base da terceira revolução, a revolução da informação.
O efeito GMR pode ser considerado a semente de uma nova área, a spintrônica.  No desenvolvimento de dispositivos spintrônicos, o controle da anisotropia magnética em materiais ferromagnéticos e a interação de troca através da interface entre materiais ferromagnéticos e antiferromagnéticos ocupa um papel de grande importância, gerando interesse no efeito de polarização de troca (exchange bias) e na formação de paredes de domínio paralelas à interface. Recentes descobertas abrem uma nova área para a spintrônica baseada em materiais antiferromagnéticos, apresentando grandes vantagens sobre os materiais ferromagnéticos. Nesta palestra, apresentarei motivações para o desenvolvimento da spintrônica antiferromagnética, e mostrarei resultados de pesquisas recentes relativas ao controle da anisotropia magnética, ao estudo da reversão da magnetização com resolução em profundidade e à polarização de troca no novo material antiferromagnético, Mn2Au.