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Tradução ou versão?-eis a questão


Luiz Paulo Ribeiro Vaz

Departamento de Física, Instituto de Ciências Exatas - UFMG


O desafio de traduzir esta obra tornou-se menos difícil com a decisão de se fazer uma tradução direta, sem me preocupar - caso tivesse optado por uma versão - em reformular a forma utilizada pelo autor para veicular suas idéias. Após tentativas malsucedidas, decidi, mesmo sob pressão dos revisores, que seria mais seguro manter a maior fidelidade possível ao estilo do autor, colocando o leitor na posição de alguém que, compreendendo o dinamarquês e os demais idiomas empregados na obra, a estivesse lendo no original. O estilo de Lütken, bastante individual, foi respeitado, e o resultado foi um texto produzido há mais de 125 anos reescrito em português brasileiro moderno, o que pode parecer estranho aos olhos de um leitor acostumado aos padrões contemporâneos da língua. O extremo cuidado de Lütken em respeitar o que seus antecessores haviam escrito o fez citar trechos de sua autoria no idioma original da obra de que foram extraídos. Essas citações também foram traduzidas. Lütken fez uso freqüente de notas de rodapé e de comentários ao longo de seu próprio texto, muitas vezes entre travessões. Em alguns casos de trechos intercalados, no entanto, usou um travessão no início, sem fechá-lo ao final. Usou, como ainda é costume na Dinamarca, o símbolo ``\begin{figure}{\epsfxsize =8pt\epsfbox{na.ps}}
\end{figure}'', que significa ``ou seja'', ou ``isto é''. Ao referir-se a números, Lütken usou, de forma mais ou menos indiscriminada, a forma por extenso ou em numeral. Tudo isso foi mantido na tradução.

As obras referenciadas pelo autor foram reproduzidas em letra inclinada (``slanted'') e agrupadas em uma lista (em ordem alfabética) ao final. Aproveitamos a oportunidade para elaborar um índice de nomes de peixes, de espécies, de rios, de lagos e de localidades citadas no trabalho. Procuramos fazê-lo da forma mais completa possível, incluindo também referências às entradas mencionadas nos capítulos 1, de Heraldo A. Britski, e 3, de Carlos B.M. Alves e Paulo S. Pompeu.

O uso de unidades de medida (peso, comprimento) incomuns e de expressões idiomáticas me obrigou a uma estensa pesquisa, cujo resultado aparece ao longo do trabalho. Várias pessoas me ajudaram, muitas vezes sem saber que o faziam. Certamente teria sido mais difícil realizar a tradução que ora apresentamos sem a ajuda de amigos como a Dra. Bodil E. Helt, o Dr. Jens Viggo Clausen e o Dr. Bo Reipurth (todos astrônomos profissionais, como eu), e o casal Francisco Pires e Charlotte Krarup, ele arquiteto português e ela enfermeira, amigos de longa data residentes em Copenhague. Foi um alívio perceber que muitas das minhas dificuldades também não eram de solução imediata para aqueles cuja língua pátria é o dinamarquês. Agradeço à Dra. Bodil Helt o acesso às biografias de Lütken e de Reinhardt, obtidas de uma antiga edição de uma enciclopédia dinamarquesa.

O texto foi editado com recursos do TEX e LATEX e outros programas de domínio público. Aprendi muito com a tradução, não só sobre peixes, mas também sobre o idioma dinamarquês e inúmeras outras coisas. Aprendi, por exemplo, que a bacia do rio das Velhas era bem diferente do que é hoje. Agradeço ao Projeto Manuelzão e à equipe envolvida neste trabalho, em especial ao pesquisador Carlos Bernardo M. Alves, pela oportunidade que me deu, e desejo, de coração, sucesso na empreitada de recuperar esse patrimônio com que fomos abençoados pela Natureza e que estamos dilapidando impiedosamente há mais de um século.

 


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Luiz Paulo Ribeiro Vaz 2002-05-21