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2. Curimatus albula Ltk.

Anodus argenteus Rhdt. (in sched.97)

? Curimatus Gilberti Qu. & Gaim., Val.


Dos cerca de trinta exemplares do Rio das Velhas e Ribeirão do Mato, nenhum tem mais que 4 1/2 polegadas. Em geral o comprimento da cabeça é contido 4 1/2 (raramente 4 1/3 ou 4 2/3) vezes no comprimento total até a ponta da nadadeira caudal profundamente bifurcada, mas aproximadamente 3 2/3 vezes quando não se considera a nadadeira caudal. A altura do corpo, ao contrário, é muito variável, como também se observa em outras espécies deste gênero; em geral é contida, nos exemplares maiores, no máximo 2 1/3 vezes no comprimento total (nadadeira caudal não considerada), mas em alguns outros 3 vezes ou um pouco mais, e esta última proporção nos exemplares mais jovens é praticamente constante. Nos exemplares mais alongados, o início da nadadeira dorsal situa-se muito mais próximo da ponta do focinho que do início da nadadeira caudal, enquanto nos mais altos fica mais ou menos na metade entre ambos. O perfil tem somente uma pequenina depressão no crânio, dificilmente visível; o diâmetro do olho é um quarto do comprimento da cabeça, um pouco mais da metade (três quintos) da largura da testa lisa; o ventre à frente das nadadeiras ventrais é achatado, mas não com cantos agudos. Dos dois primeiros raios da nadadeira anal, o primeiro não é sequer a metade do segundo, freqüentemente apenas um terço, e dos raios da frente não bifurcados (segundo e terceiro) da nadadeira dorsal, o da frente é sempre aproximadamente a metade daquele que o segue. A maior altura da nadadeira dorsal é aproximadamente igual à sua distância da nadadeira adiposa, e seu comprimento (na base) aproximadamente igual à metade da distância do seu último raio até a ponta da nadadeira adiposa, a qual se situa logo acima da parte de trás da nadadeira anal. As nadadeiras peitorais não alcançam as nadadeiras ventrais; estas, cujas bases começam na metade da nadadeira dorsal, ao contrário, alcançam até o ânus. A linha ondulada das escamas e as incisões a ela ligadas das bordas de trás das mesmas são raramente mais que 2 ou 3; elas tornam-se menos nítidas na parte da frente do corpo e desaparecem completamente nos seus lados; nos exemplares jovens elas não alcançam as bordas de trás das escamas. A cobertura de escamas esconde a base da nadadeira caudal, que por sinal é nua; assim como em outros peixes desse gênero, existe na raiz da nadadeira ventral, na parte externa, uma escama comprida, pontuda e escavada com a forma sulcada. Eu conto 36-39 (o número 39, porém, raramente) escamas na linha lateral (toda ela ou as primeiras freqüentemente sem poros) e 28-31 em torno da parte da frente do corpo, de modo que existem 5 ou 6 acima da linha lateral e 7 ou 8 abaixo desta, além das filas ímpares de escamas ao longo das linhas mediais do dorso e do ventre, quando estas estão presentes, o que não é sempre o caso; ${{6}\over{8}}$ é a proporção que ocorre mais comumente. Número de raios: D.: 13 (3.10), o mais da frente geralmente muito curto, e os dois últimos, situados muito juntos, sendo na realidade um só raio profundamente fendido; P.: 13-14; V.: 9 (1.8)98; A.: 10 (2.8)99; C.: 4.17.4. Uma difusa faixa escura ao longo da linha lateral freqüentemente dissolve-se em uma série de manchas mais escuras e termina sempre em uma mancha maior ou menor na raiz da cauda, a algumas poucas filas de escamas do lugar onde a cobertura de escamas termina. Sobre a cor do peixe vivo Reinhardt anotou o seguinte, de uma fêmea capturada no Rio das Velhas no dia 22 de fevereiro, a qual tinha ovário ainda pequeno e grãos de ovas esbranquiçados: ``O dorso é claro, marrom-amarelado-esverdeado com um brilho prateado; descendo pelos lados desaparece essa tonalidade, que dá lugar a um prateado puro. As nadadeiras peitorais e ventrais possuem um tom levemente amarelo, que também se encontra na nadadeira anal, embora esta seja um pouco avermelhada. A nadadeira caudal é da cor do dorso, somente um pouco mais clara; a nadadeira dorsal também da mesma cor, é delimitada à frente e acima por uma borda pouco notável; na sua raiz, na metade de seu comprimento, ocorre uma mancha preta irregular; a íris tem brilho prateado''. Dos inúmeros exemplares que Reinhardt viu capturados durante o esvaziamento da represa abaixo mencionada, alguns poucos tinham manchas escuras no corpo.

Esse belo peixinho cor de prata possui na região de Lagoa Santa o nome ``papa-terra'' ou ``comedor de terra''. Somente duas vezes Reinhardt conseguiu obtê-lo em grande quantidade, uma numa pescaria com rede no ``Ribeirão do Mato'', a outra vez quando uma represa desse pequeno rio foi esvaziada por drenagem. Ele não morde o anzol - como é natural para um peixe comedor de lama.

Apesar de ter acreditado que, junto com Reinhardt, eu deveria ter estabelecido esta espécie como nova, não estou de modo algum convencido de que ela não seja idêntica a C. Gilberti (Q. G.) da região do Rio de Janeiro. Valenciennes relata que a altura é um quarto do comprimento total em um exemplar de 4 polegadas de comprimento, e mesmo que exemplares de C. albula deste tamanho, e ainda mais jovens, costumem ser relativamente mais altos, pode-se todavia encontrar essa proporção entre altura e comprimento, por exemplo, em exemplares com 3 3/4 polegadas de comprimento; a figura da viagem de Freycinett (``Uranie'', prancha 48, fig. 1) mostra uma proporção de 1:3 1/2 . Valenciennes relata ainda 41 escamas na linha lateral, o que representa 2 a mais do que eu encontrei, mesmo nos exemplares que possuem o maior número; mas isto se considera ser um desvio pequeno para, por si só, justificar uma diferença de espécie, ainda mais que na ilustração não se contam tantas escamas, ou seja, somente 36. O número de raios está bem de acordo, considerando-se que o raio rudimentar à frente da nadadeira dorsal não se conta, e que o raio fendido no final das nadadeiras dorsal e anal é contado como somente um. Por outro lado, a figura mostra as nadadeiras ventrais localizadas abaixo da parte mais anterior da nadadeira dorsal, ou seja mais à frente que em C. albula, e isso eu não ouso considerar como uma simples falta de precisão do desenhista. Somente uma comparação direta com C. Gilberti poderia decidir se a espécie de Minas é idêntica a esta, o que por enquanto eu considero pouco provável. - Do mesmo modo, C. voga Hensel do sul do Brasil (``Archiv f. Naturg.'', 1870, p. 78), assemelha-se muito à C. albula no que tange ao número de raios e ao número de escamas da linha lateral, mas desvia-se dela em várias outras características como, por exemplo, o comprimento da cabeça contido mais de 4 (4 1/5) vezes no comprimento total (sem a nadadeira caudal), uma maior distância entre os olhos, as nadadeiras ventrais alcançando somente a metade da distância até o ânus, etc. Com isso, portanto, também não pude identificar as espécies como sendo as mesmas.100



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Luiz Paulo Ribeiro Vaz 2002-05-21