Reinhardt trouxe do Rio das Velhas 2 exemplares desse peixe impressionante (20 e 21 polegadas de comprimento), além de metade de uma pele e o esqueleto de um exemplar um pouco maior (28 polegadas) do Rio São Francisco. O exemplar do Museu de Paris (20 polegadas de comprimento) também foi trazido deste último rio por Aug. de St. Hilaire; o do Museu de Londres (29 polegadas) do afluente do Rio das Velhas mencionado anteriormente, Rio Cipó. Na Lagoa Santa não é encontrado. Seu nome brasileiro, ``pirá-tamanduá'' ou peixe-tamanduá, se deve à semelhança entre as formas da cabeça desses animais. No Rio São Francisco é muito comum e se pesca com uma rede de mão, a qual se estende na forma de uma tela redonda quando é lançada (NT: tarrafa). Reinhardt viu no total 3 exemplares do Rio das Velhas (de fevereiro a março) e, portanto, está inclinado a acreditar que o peixe anualmente, na época mencionada, sobe o Rio das Velhas, apesar de seu verdadeiro lar ser o Rio São Francisco. É pescado em geral em rede ou ``pari'', mas o primeiro exemplar que Reinhardt obteve foi pescado com anzol. O intestino era longo e estava cheio de terra.
Como a espécie é detalhadamente descrita por Valenciennes, será necessário apenas complementar essa descrição com pequenos comentários que, em parte, a corrigem ou restringem. Em nenhum dos exemplares do Museu existem traços de dentes, e eu pensaria ter sido incorreta a menção a eles em Conorhynchus, não fosse Reinhardt ter felizmente relatado que o primeiro exemplar que lhe foi trazido (mas que não chegou a este Museu) tinha alguns poucos dentes muito finos na maxila superior e nenhum na inferior. O comprimento da cabeça é algo maior que um quarto do comprimento total (nadadeira caudal incluída) e sua largura, igual à sua altura acima dos olhos ou à metade de seu comprimento. A maior altura do corpo (à frente da nadadeira dorsal) é insignificantemente menor que o comprimento da cabeça (até a abertura branquial). O comprimento do processo occipital da cabeça é mais ou menos igual ao dobro de sua largura na base e do comprimento da placa triangular à frente da nadadeira dorsal. O diâmetro dos olhos é de um sexto a um sétimo do comprimento da cabeça, um quarto do comprimento do focinho (distância até a ponta do focinho), a metade ou dois quintos da distância até a abertura branquial ou daquela contida entre os olhos. O primeiro par (superior) de barbilhões alcança até quatro quintos da distância do focinho aos olhos; o terceiro par é somente a metade disso. O comprimento do raio duro das nadadeiras peitorais é entre um sexto e um sétimo do comprimento total; as nadadeiras ventrais não são tão longas como as peitorais. A linha lateral é bonita e ricamente ramificada. O número de raios é: D: 7 (1.6) (não 8!); P.: 11-12; V.: 6; A.: 18-20 (3.15 ou 3.17, o último raio profundamente bifurcado). O peixe vivo é de um belo azul claro ou celeste por cima e branco por baixo.