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9. Glanidium albescens (Rhdt.)

(prancha III, fig. 5.)

Pimelodus albescens Rhdt. (in sched.).

Este pequeno Doradina, para o qual eu sugiro o novo nome de gênero acima, se distingue somente genericamente de Centromochlus Kn., pelo fato de toda a cabeça estar coberta de pele macia, de modo que o ``capacete'' não é visível ou granulado. Nesse sentido, ele se relaciona com Centromochlus (ambos com nadadeira adiposa e com nadadeira anal curta) da mesma forma que Trachelyopterus com Cetopsis (ambos sem nadadeira adiposa e com nadadeira anal longa). Enquanto se der peso a essa característica dentro do grupo dos Doradina - sendo nesse aspecto algo inconseqüente, já que no grupo dos Bagrus foi-se obrigado a desistir dessa distinção -, Glanidium tem de ser diferenciado genericamente de Centromochlus.

Glanidium albescens, que alcança somente 4 3/4 polegadas, não só aparece no próprio Rio das Velhas (de onde vieram os exemplares), mas, de acordo com o que se relatou a Reinhardt, também nos riachos que deságuam nesse rio. Os brasileiros o chamam ``jundiá'' ou ``pacu-branco'', razão pela qual Reinhardt salienta que seria mais correto chamá-lo de ``pacamão-branco''.

Descrição: O corpo grosso aumenta continuamente em espessura para frente desde a cauda comprimida, de modo que a largura da cabeça acima dos olhos é somente um pouco menor que a largura máxima em frente à base das nadadeiras peitorais, que, por sua vez, são apenas um pouco menores que o comprimento da cabeça, medido da forma usual da ponta do focinho arredondado à borda do opérculo, que perfaz precisamente um quinto do comprimento total até a ponta da nadadeira caudal bifurcada; a maior altura acima do ventre é igual à maior largura à frente do raio duro das nadadeiras peitorais. A cabeça é arredondada para todos os lados, um pouco plana apenas no alto, sendo coberta com pele macia e solta; apenas o processo escapular, que é estreito e pontudo e mede dois terços do comprimento dos raios duros das nadadeiras peitorais, é visto claramente sob essa cobertura de pele. As maxilas superior e inferior são do mesmo tamanho, e a boca é tão grande que suas comissuras são alinhadas com a borda anterior dos olhos. Em ambas as maxilas existe uma faixa de dentes viliformes, mas nenhum na região do palato. Os olhos são grandes, mas cobertos de pele; eles situam-se à frente e voltam-se mais para os lados que para cima; seu diâmetro é mais de um quinto do comprimento da cabeça, mas não mede nem a metade da distância entre eles; as narinas posteriores situam-se bem acima na testa, alinhadas com o meio dos olhos. Os barbilhões superiores, cuja parte basal se ajusta em uma ranhura sob os olhos, alcançam a margem superior do opérculo, o outro par não alcança a base das nadadeiras peitorais. O comprimento da nadadeira dorsal (ao longo de sua base) é contido 3 1/2 vezes no comprimento da cabeça e sua altura (paralela aos raios), duas vezes; o raio duro é grosso, com uma ponta de pele relativamente longa58, e com traços de serrilhado na sua parte superior; o raio duro da nadadeira peitoral é forte, largo, correspondendo a três quartos do comprimento da cabeça, com curta ponta de pele e fortemente serrilhado, principalmente do lado de dentro. As nadadeiras ventrais situam-se a meia distância entre as nadadeiras dorsal e anal, a nadadeira adiposa muito pequena situa-se acima dos últimos raios da nadadeira anal; a nadadeira caudal é bifurcada. A linha lateral é, às vezes, um pouco irregular. O ``porus pectoralis'' não existe. Número de raios: D.: 6 (1.5); P.: 7 (1.6) (mais raramente 5); V.: 6; A.: 13 (4.9) (excepcionalmente 4.8). A diferença sexual mostra-se muito claramente na forma da nadadeira anal, que nos machos é alta, pontuda e grande, com um forte desenvolvimento dos últimos raios, não bifurcados, e os primeiros, bifurcados, que são muito longos, mas também muito largos e planos em comparação com os raios correspondentes das fêmeas; além disso, a borda anterior dessa nadadeira é entalhada na sua base para dar lugar à papila genital, bastante grande, situando-se, assim, em um pequeno orifício entre a base da nadadeira anal e uma protuberância atrás do ânus59. A conformação é, dessa maneira, diferente daquela de Centromochlus aulopygius, no qual ela é como em Auchenipterus60. As fêmeas também possuem uma papila genital, mas esta é muito pequena em relação à grande abertura genital. As vesículas seminais têm a construção habitual em forma de dedos; os ovos são relativamente grandes; ``ainda em março se encontram fêmeas com ovos; ao contrário, os ovos eram pequenos, o ovário longo, fino, esbranquiçado e com a forma de uma lingüiça em um exemplar capturado no dia 8 de fevereiro'' (Reinhardt). Cor: Nos exemplares conservados em álcool, as costas apresentam tons de marrom mais claros ou mais escuros; um único exemplar é claramente manchado. Reinhardt descreve da seguinte forma a cor de um exemplar que lhe foi trazido no dia primeiro de agosto: ``Focinho e testa esbranquiçados, a parte de trás da cabeça e o alto das costas cinza-amarronzado, este último com manchas escuras pouco nítidas; as inúmeras e muito delicadas manchas dos lados de cor cinza-amarronzado sobre um fundo branco; lado ventral branco, ao contrário da cauda, com um belo reflexo avermelhado, que também se estende dos lados da cauda; as nadadeiras peitorais, ventral e anal brancas e brilhantes; a nadadeira caudal branco-amarelada, manchada de preto''.



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Luiz Paulo Ribeiro Vaz 2002-05-21