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7. Doras marmoratus Rhdt.

(prancha I, fig. 1)

O único exemplar desta nova espécie muito distinta, que o Prof. Reinhardt obteve do Rio das Velhas52, foi trazido por um pescador que alegou nunca ter visto tal peixe antes e que, portanto, não conhecia qualquer nome brasileiro para o mesmo. Pertence aos verdadeiros Doradina, nos quais a cauda, acima e abaixo, entre as nadadeiras caudal e anal e caudal e adiposa, é coberta com uma série de pequenas placas; neste grupo sua posição é mais bem definida pela falta de espinhos no processo escapular, pelo perfil baixo das numerosas placas laterais e pelo número de raios (6 na nadadeira ventral e 7 raios moles na nadadeira dorsal). O comprimento significativo da nadadeira adiposa parece ser uma das características especialmente marcantes dessa espécie, que a aproxima de Rhinodoras, do qual ela se distingue pela disposição dos dentes, que é como nos Doradina típicos.

Descrição. O exemplar tem 10 polegadas da ponta do focinho até a ponta da cauda; a cabeça (até a porção posterior do capacete) é superior a um terço de seu próprio comprimento; sua maior largura é maior que sua maior altura, que é a metade do comprimento da cabeça. O raio duro da nadadeira peitoral é mais que dois terços do comprimento da cabeça (medida da forma indicada) e mais longo que o raio duro da nadadeira dorsal, cujo comprimento é igual à metade da cabeça. O capacete é adornado com linhas em relevo e grãos, que se irradiam, se bem que não muito regularmente, do ponto médio de cada placa; ele se dirige para trás, terminando em um prolongamento largo (em geral com o mesmo tipo de escultura) de cada lado das partes mais anteriores da nadadeira dorsal; mais ou menos do seu ponto médio sai uma outra projeção para baixo e para trás até o processo escapular; para frente o capacete termina um pouco adiante dos olhos, com dois prolongamentos separados por uma fenda no meio. No seu todo é bastante plano; a nuca tem a forma de um teto arredondado. A largura da boca é aproximadamente igual ao espaço interorbital; o diâmetro dos olhos é contido cerca de 3 vezes na distância entre eles, que é igual à sua distância até a borda anterior da cabeça; a distância entre o olho e a narina mais próxima é igual à distância desta até aquela situada mais à frente, e a distância entre as duas anteriores é igual à metade da distância entre os olhos. O barbilhão do lábio superior alcança o processo escapular, o da mandíbula, a raiz da nadadeira peitoral, mas os barbilhões do mento têm somente a metade dos demais. A faixa dentígera, composta de dentes viliformes muito finos, é mais larga (ou seja, avança mais para o lado) na parte inferior da boca que na superior. A fenda branquial termina muito próximo e pouco acima da superfície ventral; o processo escapular é plano, pontudo e em forma de espada, sem saliências, espinhos ou serrilhas; termina abaixo do primeiro raio da nadadeira dorsal e acima do início da última quinta parte do raio duro da nadadeira peitoral. Este é plano, finamente ranhurado, com uma série de fortes serrilhas de cada lado; o raio duro da nadadeira dorsal tem a mesma forma e aspecto do anterior, mas é serrilhado somente na sua borda anterior; a base das nadadeiras ventrais fica completamente atrás daquela da nadadeira dorsal, o ânus atrás da metade do comprimento total; as nadadeiras anal e adiposa ficam justapostas; a última é longa - tanto quanto a nadadeira dorsal - mas nitidamente delimitada à frente; a nadadeira caudal é profundamente bifurcada. As placas laterais são em número de 34 de cada lado; com exceção das 3 mais à frente, que são tão altas que preenchem o espaço entre o escudo pré-dorsal e o processo escapular, e da quarta, que, apesar de ser mais baixa, é ainda bastante alta, as demais são baixas, não tendo um terço da altura do corpo atrás da nadadeira adiposa; além do grande espinho do meio, existem em geral 3 acima e 2 abaixo deste em sua borda livre. Na axila existe um nítido ``porus lateralis''. Pequenas placas acima e abaixo da raiz da cauda unem-se tão uniformente aos raios de suporte da nadadeira caudal, que é impossível (sem preparação do esqueleto) obter um limite entre elas. O número de raios é: D.: 8 (1.7); P.: 8 (1.8); V.: 653; A.: 12 (3.9).

O exemplar capturado no final do mês de janeiro é uma fêmea com ``ovos no ovário do tamanho da cabeça de um alfinete entomológico54 muito fino''. O peixe fresco é descrito por Reinhardt da seguinte forma: ``a cor do corpo acima da fileira lateral de placas é amarelo-acinzentada com padrões em forma de uma rede preta (manchas que se fundem); abaixo da fileira de placas laterais, a cor básica também é o amarelo-acinzentado, mas mais pálido, e em lugar do padrão em forma de rede encontram-se pontinhos e sinais negros muito pequenos, que aqui e ali formam manchas pouco nítidas e mais apagadas. A garganta e o ventre até o ânus são brancos, tendendo um pouco para o amarelo; a parte inferior da cauda é branco-avermelhada com pontinhos pretos, o crânio marrom-amarelo-acinzentado, adornado na parte de trás com manchas mais escuras, pouco nítidas. A íris tem um tom dourado-acinzentado. A nadadeira dorsal é cinza-avermelhado com listras irregulares e parcialmente inclinadas que se fundem em manchas; a nadadeira adiposa é negra na base e acinzentada na borda; a nadadeira caudal é acinzentada, mas com laivos fortemente carmim aqui e ali (embora sejam, possivelmente, apenas casuais), manchada de preto, com manchas fundindo-se parcialmente em faixas; as nadadeiras peitorais são esbranquiçadas com tons avermelhados, adornadas com pontinhos finos, que às vezes se ordenam como manchas meio apagadas; as nadadeiras ventrais têm os mesmos laivos carmim e na sua base pontinhos pretos muito pequenos; a nadadeira anal, do mesmo modo, é vermelho-esbranquiçada com pontinhos pretos esparsos''.




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Luiz Paulo Ribeiro Vaz 2002-05-21