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_____________________________________________30 de maio de 2012
Caros Amigos da Cosmologia,
A revista eletrônica Cosmos e Contexto, de que já falamos em COSMOS:15dez11, publicou em seu número 6 (maio/2012) um artigo do cosmólogo indiano Jayant Narlikar. O artigo intitula-se “Cosmologia moderna do ponto de vista histórico” e merece a atenção de todos.
Jayant Narlikar, crítico convicto e sagaz do Estrondão Quente, é autor de um importante livro texto de cosmologia, amigo e colaborador científico de Fred Hoyle (1915-2001), Geoffrey e Margareth Burbidge, Halton Arp, entre outros grandes astrofísicos e cosmólogos. É um dos autores, junto com Fred Hoyle e Geoffrey Burbidge, da “Teoria do estado quasi estacionário”, alternativa à teoria do Estrondão.
Escreveu, também com Hoyle e Burbidge, o livro “A Different Approach to Cosmology: from a Static Universe through the Big Bang towards Reality”, publicado em 2000, onde a cosmologia moderna é analisada à luz das observações e frente aos modelos teóricos mais populares, quais sejam, o Estrondão Quente e a Teoria do estado quasi estacionário, E neste livro que aparece a famosa fotografia dos gansos (cf. The Last Goose).
A revista inglesa New Scientist publicou em seu número de 22 de maio de 2004 uma carta aberta à comunidade científica denunciando vários fatos relativos ao modelo padrão da cosmologia, o Estrondão Quente. Entre estes fatos destaco a falta de rigor científico e o viés na atribuição de verbas para o financiamento à pesquisa, evidenciado pela constatação de que as agências financiadoras nunca contemplam estudos de cosmologias alternativas. Jayant Narlikar, e eu, estamos entre os 34 signatários originais da publicação. Vejam o texto da carta aberta em An Open Letter to the Scientific Community, bem como a lista das centenas de novos signatários. Lembro que a carta ainda está aberta a novos apoiadores.
Voltando ao artigo, para que todos tenham uma pequena amostra, reproduzo abaixo a sua última seção onde Narlikar faz os seus…
Permitam-me resumir a discussão da cosmologia moderna em termos de quatro
comentários:
– Jayant Narlikar, cosmólogo do Inter-University Centre for Astronomy and
Astrophysics
Comentários gerais
1. Os estudos dos primórdios do universo são altamente especulativos, tanto
em termos de astronomia quanto de física das partículas;
2. Eles descrevem um cenário que provavelmente não se repetirá. Embora a
mecânica quântica também tenha começado com ideias aparentemente esotéricas,
elas foram ganhando credibilidade através da repetição de experimentos. Tomemos
como exemplo a estatística de Bose. Ela busca aplicar um conceito matemático
abstrato às partículas microscopicamente indistinguíveis. Podemos não ser capazes
de enxergar essas partículas, mas as previsões sobre seu comportamento coletivo
estão muito claramente verificadas em laboratório;
3. A física normal, por exemplo, a mecânica estatística conforme extrapolada
a partir do espaço-tempo plano não é utilizável nos espaços-tempos iniciais
de curvatura muito acentuada;
4. Observações diretas do universo se estendem para densidades da matéria
aproximadamente 200 vezes o valor atual, enquanto que as extrapolações para o
universo mais primordial se estendem até 1087
vezes o valor
presente. Em nenhum lugar da física as teorias são extrapoladas de uma
forma dessas, muito menos sem alguma verificação.
Portanto, volto à pergunta que levantei no início deste artigo e a respondo
com a seguinte frase comprida: Embora tenham sido dados passos notáveis na física
tanto teórica quanto experimental, e os telescópios de vários tipos tenham aumentado
a capacidade do homem observar o universo, conforme os critérios normais de interação
próxima entre teoria e observação, a cosmologia, como é praticada hoje, tem um
elemento demasiadamente especulativo para ser qualificada com o título de disciplina
científica.
O artigo de Narlikar pode ser lido, na revista Cosmos e Contexto, aqui.
Um abraço a todos.
Saudações Cosmológicas,
Domingos
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Domingos Sávio de Lima Soares
Página Pessoal
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