Seminário Geral: Não olhe para a Lua para tentar entender o que houve nos asteroides

Sobre este evento

Neste trabalho, obtemos o fluxo de produção de crateras de impacto nas
superfícies dos asteroides Ceres e Vesta e da Lua a partir de um modelo
auto consistente da evolução dinâmica do cinturão de asteroides. Este
modelo fornece a probabilidade de impactos de asteroides, em função do
tempo, nos diferentes alvos. Comparando os resultados das nossas
simulações com a distribuição de asteroides reais observada atualmente,
é possível calibrar as probabilidades para obter o número total de
impactos causados por asteroides maiores que um dado diâmetro ao longo
da idade do sistema solar. O fluxo de impactos inferido desta fora é
combinado com uma lei de escala adequada, que fornece a relação entre o
tamanho do projétil e o tamanho da cratera produzida, e aplicamos um
método Monte Carlo para reproduzir a distribuição de tamanhos das
crateras observada em Ceres e Vesta. Nossos resultados indicam que: (i)
o fluxo de impactos na Lua é totalmente diferente daquele nos
asteroides, logo aplicar a cronologia lunar para os asteroides, como
frequentemente encontrados na literatura, está errado; (ii) nosso modelo
reproduz bem a distribuição de crateras > 90 km na superfície de Vesta,
mas para reproduzir a distribuição de tamanhos das crateras em Ceres é
mandatório incluir algum processo de rejuvenescimento da superfície, que
pode envolver relaxamento viscoso; (iii) nosso modelo favorece a
formação de bacias jovens nos asteroides, em particular nós obtemos uma
probabilidade de 18% das duas maiores bacias na superfície da Vesta
terem se formado durante os últimos 3 bilhõess de anos, muito maior que
as probabilidades estimadas por estudos anteriores; (iv) a idade jovem
da bacia de Rheasilvia na superfície de Vesta parece favorecer uma
evolução do sistema solar em que a instabilidade dos planetas gigantes
durante a fase de migração planetária ocorreu cedo na história do
sistema solar.