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O Autor e a Obra

Halton Arp é norte-americano, tendo nascido em 1927. Trabalhou por décadas nos Observatórios de Monte Wilson e Palomar, Pasadena, Califórnia, nos Estados Unidos. Atualmente trabalha no Instituto Max-Planck de Astrofísica, na Alemanha. É astrônomo de renome internacional, sendo sua especialidade o estudo de quasares (fontes concentradas de luz, como as estrelas, mas com emissão de alta intensidade nas frequências de rádio e de raios X, tendo em geral um alto desvio para vermelho). Identificou e catalogou todos os objetos do Atlas de Galáxias Peculiares (Atlas of Peculiar Galaxies), uma coletânea de fotografias astronômicas de galáxias de formas particularmente estranhas. Este Atlas tem sido, há mais de 30 anos, uma fonte inesgotável de importantes pesquisas.

Arp é também conhecido no meio astronômico profissional como um pesquisador controverso e de idéias não convencionais. Frequentemente entra em colisão frontal com as idéias estabelecidas em sua área de pesquisa.

Em ``O Universo Vermelho -- Desvios para o Vermelho, Cosmologia e Ciência Acadêmica'' vemos Arp em toda a sua plenitude. Apresenta suas idéias -- total e revolucionariamente contrárias às advogadas pela Astronomia e Cosmologia contemporâneas -- de forma incisiva e por vêzes carregada de raiva e ressentimentos, mas também com muito humor...

Para Arp nunca houve um Big Bang, a pedra-fundamental da Cosmologia atual, e o Universo não está em expansão. Para ele também a ``matéria escura'' não existe. Esta é a matéria que supostamente permearia todo o espaço cósmico e que permanece como um dos grandes mistérios da ciência moderna. Ela não é detectada em nenhum intervalo de frequência e sua existência é especulada a partir do comportamento gravitacional dos corpos astronômicos. Para Arp, esta matéria escura não existe e decorre da interpretação equivocada de dados observacionais. Os famosos quasares, considerados como os objetos mais distantes e luminosos do Universo, são, em sua interpretação, objetos próximos e constituídos de matéria recém-criada, ejetados do interior de galáxias ativas mais velhas.

Em suma, o leitor leigo em Astronomia encontrará em ``O Universo Vermelho'' curiosidades e surpresas ainda maiores que as que lhe proporciona a ciência ortodoxa. Além de discutir os aspectos técnicos da questão, Arp apresenta também a história de diversas descobertas e teorias, a personalidade de alguns astrônomos importantes com quem teve contato direto, o mecanismo de publicação (ou de rejeição) de artigos de pesquisa, o funcionamento dos comitês de assessoramento científico, etc. Tudo isto baseado em sua vivência pessoal e com doses de humor e ironia que tornam muito agradável a leitura deste livro por todas as pessoas.

Já o leitor que possui formação acadêmica em Astronomia e Cosmologia bem como os profissionais da área, em uma palavra, se escandalizarão. Aqueles que ainda não tiveram um contacto maior com o universo Arpiano sentirão um misto de sensações: espanto frente ao inusitado, horror pela apresentação de possibilidades inconfessáveis pelos mais audaciosos, e, finalmente, respeito pela coragem e força intelectual de Halton ``Chip'' Arp! Não é raro que profissionais que trabalham de forma competente em linhas conservadoras da pesquisa astronômica, mas que sob outros aspectos carecem de maturidade, recebam quase que como uma afronta pessoal as idéias absurdamente originais apresentadas por Arp.

No último capítulo, intitulado ``Academia'', Arp debruça-se sobre aspectos sociológicos da ciência contemporânea. Emite a sua opinião sobre assuntos tão variados quanto a competência na Universidade, a boa imprensa, a era nuclear, AIDS e câncer, fusão a frio, a questão da vida em Marte, o criacionismo, e vários outros temas interessantes da atualidade. Em todos eles o espírito Arpiano serve de elemento estimulador de discussão e de oposição à estagnação intelectual, moral e ética.


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Domingos Savio de Lima Soares
Tue Apr 04 2000