JC e-mail 3294, de 28 de Junho de 2007.

Jornal da Ciência (JC E-Mail)
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Edição 3294 - Notícias de C&T - Serviço da SBPC
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Você vai ler nesta edição:


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Leitor comenta artigo "Aquecimento global", de Gilberto Alves da Silva

"É claro que, como não somos nem micróbios nem dinossauros, temos chances de reverter a tendência"

Mensagem de Domingos S.L. Soares, do Depto. de Física, Grupo de Astrofísica da UFMG: ====================================================

Discordo do comentário de Gilberto Alves da Silva que questiona a origem antropogênica do aquecimento global. O seu comentário é preocupante especialmente vindo de um cientista.

Assisti ao documentário "Uma verdade inconveniente", realizado sob os auspícios do ex-vice-presidente americano Al Gore, e fiquei bastante impressionado. Apesar de certa tendência cética de classificá-lo mais como "Uma mentira conveniente", já que temos razões para desconfiar de que se trata de uma "jogada" política de Al Gore, o documentário parece ser bastante sério e baseado em argumentação científica.

Entre outras coisas apresenta um levantamento de trabalhos científicos de pesquisadores idôneos nos quais todos, sem exceção, concordam que o aquecimento global ocorre devido à atividade humana e não devido a um episódio do ciclo natural terrestre.

Por outro lado, um mesmo levantamento de artigos de divulgação nos meios de comunicação apresenta mais de 50% de discordância quanto à verdadeira causa do aquecimento global.

Al Gore sugere que há uma campanha sistemática para o descrédito das verdadeiras causas do problema. É nesta categoria que parece se incluir o comentário de Gilberto Alves da Silva, principalmente quando se leva em conta não ser ele especialista no tema.

Uma das coisas mais impressionantes é o problema do derretimento das geleiras. Enquanto o derretimento do Ártico não afeta o nível dos oceanos, por ser gelo flutuante, o mesmo não acontece com as geleiras da Groenlândia e da Antártida, que estão sobre solo firme. Esta parte é bastante bem documentada e discutida. E tudo de forma bem didática.

Outra parte interessante é a discussão sobre os efeitos do aquecimento dos oceanos e de sua contaminação pelo CO2 que é jogado na atmosfera (segundo ele, 70 milhões de toneladas por ano, dos quais 20 milhões vão para dentro dos oceanos).

O primeiro problema, apesar de não aumentar o número de furacões, aumenta a sua potência destrutiva. O segundo problema aumenta a acidez da água dos oceanos afetando o desenvolvimento dos corais e do plâncton, ambos vitais para o desenvolvimento geral de vida nos oceanos.

Estes foram os aspectos que mais me impressionaram mas há muito mais discutido no documentário.

Um aspecto muito interessante do documentário é a valorização da ciência e do trabalho dos cientistas no detalhamento do problema e na busca de soluções para o mesmo.

A propósito, em 2000 foi lançado um livro intitulado "Rare Earth", "Terra Singular", que mostra as condições bastante singulares que possibilitaram o aparecimento dos mamíferos inteligentes no planeta.

No caminho estão alguns eventos de "extinção em massa", os quais aceleraram o processo evolucionário. Os autores sugerem que estamos vivendo no momento o início de mais um destes eventos. É claro que, como não somos nem micróbios nem dinossauros, temos chances de reverter a tendência.


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Artigo "Aquecimento global", de Gilberto Alves da Silva
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JC e-mail 3293, de 27 de Junho de 2007.

Aquecimento global, artigo de Gilberto Alves da Silva

" Há, realmente, o perigo que a corrente ambientalista apresenta ou o aquecimento global é uma estratégia para manter os países em desenvolvimento no status quo?"

Gilberto Alves da Silva é professor aposentado da Coppe/UFRJ e analista da Finep. Artigo enviado pelo autor ao "JC e-mail":

O futuro dos terráqueos está ameaçado. Os habitantes da terra enfrentam uma terrível ameaça, o aquecimento global, que no mínimo levará a mudanças drásticas, no seu desenvolvimento e hábitos.

Este fenômeno refere-se ao aumento da temperatura média dos oceanos e do ar perto da superfície da terra. As causa desta elevação de temperatura ainda é objeto de muitos debates entre os cientistas.

Há uma corrente que defende as causas antropogênicas (provocada pelo homem) e outra corrente afirma que este fenômeno se deve a causas naturais, embora, recentemente, muitos meteorologistas e alguns climatologistas tenham afirmado, publicamente, que consideram provado que a ação do homem está influenciando a existência deste fenômeno.

Temos escutado muito alarde pela corrente antropogenista, cujos maiores defensores são os ambientalistas. Estes defendem o aquecimento como decorrente da emissão de gases estufas, dentre eles, o principal é o CO2 oriundo do desenvolvimento dos paises.

Entretanto, temos a desconfiança de que esta posição, deflagrada há quatro décadas por grupo oligárquico hegemônico do Hemisfério Norte, tem como objetivo geral reorientar o desenvolvimento socioeconômico mundial de acordo com os seus propósitos exclusivistas, enquanto fazem grandes negócios.

A origem da nossa desconfiança está na não exata determinação dos fenômenos climáticos que, por sua vez, são bem complexos.

A grande maioria dos prognósticos alarmistas baseia-se em modelos climáticos que incorporam, em vários graus de complexidade, as descrições matemáticas da atmosfera, dos oceanos, da terra, da biosfera e da criosfera. São ferramentas importantes para entender o clima e a mudança do clima passada, presente e futura.

Esses modelos usam leis físicas e relações empíricas com base física, entretanto, devido o grau de complexidade da interação de fatores cósmicos e terrestres, muito dos quais ainda pouco conhecidos pela ciência, deixa dúvida na veracidade das respostas desses modelos, para fundamentar políticas de tão grande alcance para o futuro da Humanidade.

Podemos citar como exemplo, o que dizem os cientistas alemães: pedaços de folha, pólen, pêlos e até fragmentos de pele humana e de animais compõem uma parcela significativa das partículas em suspensão na atmosfera, mas têm sido ignorados pelos modelos climáticos.

Estas partículas, que formam a "biopoluição" podem virar núcleos de condensação para a formação de nuvens, que têm um efeito no clima da terra.

A cobertura de nuvens exerce um fator fundamental no balanço energético da atmosfera e, portanto, sobre as temperaturas. A poeira biológica poderia responder por 25% dos aerossóis -- partículas atmosféricas que têm um impacto no clima ao formar nuvens, absorver ou refletir radiação, segundo o meteorologista Ruprecht Jänicke, da Universidade de Mainz.

A outra corrente, menos alarmista e quase invisível, é aquela que acredita que o aquecimento global é um fenômeno natural.

O aquecimento registrado no século XX era um fenômeno tão natural como o Período Quente Medieval, entre os séculos IX e XII, quando as temperaturas no Hemisfério Norte eram 1-2º C superiores às atuais, e a Pequena Idade do Gelo, entre os séculos XVII e XIX, mais fria e da qual o aquecimento registrado no século XX parece não ser mais que uma recuperação.

Estes períodos são bem conhecidos pelos paleoclimatologistas, que estudaram a história climática do planeta.

Cientistas, como o diretor do Laboratório de Pesquisas Espaciais do Observatório de Pulkova, na Rússia, como o Dr. Habibullo Abudssamatov afirma que as temperaturas começarão a cair, já, em 2012-15 e atingirão um mínimo em meados do século, em uma queda comparável à Pequena Idade do Gelo, quando a temperatura caiu, como descrevemos acima.

Fica então a dúvida: há, realmente, o perigo que a corrente ambientalista apresenta ou o aquecimento global é uma estratégia para manter os países em desenvolvimento no status quo?


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O estudo mencionado a seguir mostra que a escala de tempo para a
reversão do processo de aquecimento global é da ordem de 100 anos.
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JC e-mail 3294, de 28 de Junho de 2007.

Antártida está bem firme, diz estudo

"Calota é estável por mais cem anos"

O manto de gelo da Antártida Oriental, que fica ao redor do Pólo Sul, não corre o risco de derreter devido ao aquecimento global. A afirmação consta de um estudo publicado esta semana na revista "Geology".

As medições feitas por cientistas da Nova Zelândia mostram que a calota, com mais de 4 km de espessura, é estável por mais cem anos.
(Folha de SP, 28/6)

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Veja também o artigo de Revista PESQUISA/FAPESP
Tijolo após tijolo: Estudos sobre o aquecimento global são feitos há 180 anos
Neldson Marcolin - Edição Impressa 136 - Junho 2007 - pág. 8
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