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_____________________________________________08 de novembro de 2012

Caros Amigos da Cosmologia,

Big Bang ou Great Explosion? Ou em bom português, Estrondão ou Grande Explosão?

Tanto faz. É o que mostra o físico alemão Eckhard Rebhan em um artigo intitulado “Cosmic inflation and big bang interpreted as explosions”, que será publicado este mês na prestigiosa revista científica americana Physical Review D.

Antes de mais nada é preciso explicar a terminologia. Estrondão refere-se ao Modelo Padrão da Cosmologia (MPC) e Grande Explosão refere-se a um modelo cosmológico relativista, i.e., baseado na Teoria da Relatividade Geral (TRG), mas que possui características diferentes do MPC. E quais são estas?

Eckhard Rebhan mostra que, usando-se um sistema de coordenadas apropriado, a expansão do universo pode ser descrita como o movimento de corpos (galáxias) no espaço, o qual é o familiar espaço absoluto newtoniano. Ou seja, os desvios para o vermelho das galáxias, relacionados à expansão cosmológica, podem ser descritos pelas familiares expressões dos desvios Doppler radial e longitudinal. Notem que nesta versão de cosmologia relativista as velocidades de expansão não podem ser maiores do que a velocidade da luz no vácuo.

Como sabemos, no MPC os desvios para o vermelho são explicados pela expansão do espaço que ocorre durante o intervalo de tempo transcorrido entre a emissão da luz pela galáxia distante e a detecção pelo observador na Via Láctea. A velocidade de expansão pode ter valores superiores à velocidade da luz sem contradizer a Teoria da Relatividade Restrita pois o movimento não é associado a qualquer partícula material (cf. Figura 2, na seção 2 de meu artigo O efeito Hubble).

Esta idéia não é nova. O grande matemático e filósofo Bertrand Russell, em um livro de divulgação científica (“O ABC da Relatividade”), publicado na década de 1960 no Brasil, já comentava esta diversidade de modelos possíveis, conforme a escolha dos sistemas de coordenadas. A TRG proporciona esta liberdade, naturalmente com as restrições formais impostas pela teoria. Vejam a este propósito a seção 3 de meu artigo Uma pedra no caminho da Teoria da Relatividade Geral, onde comento as palavras de Bertrand Russell sobre este assunto.

O artigo do alemão está em arxiv.org/abs/1211.1006. Não deixem de ler pelo menos a seção final intitulada Conclusion. Nela, o autor faz um resumo de seu trabalho e da contribuição de sua cosmologia relativista aletrnativa, que ele mesmo reputa como apenas uma curiosidade formal. Não muito original, diga-se de passagem. Serve, no entanto, como uma lembrança do que já foi dito por outros.

Um abraço a todos.

Saudações Cosmológicas,

Domingos

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Domingos Sávio de Lima Soares
Página Pessoal
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