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_____________________________________________06 de janeiro de 2012

Caros Amigos da Cosmologia,

Um artigo do cientista indiano B.G. Sidharth, intitulado “What if Superluminal Neutrinos Exist but not Higgs Bosons?”, apresenta uma visão interessante de dois eventos experimentais importantes que ocorreram no final de 2011.

O primeiro evento foi a detecção de neutrinos superluminais (ou seja, com velocidades maiores do que a velocidade da luz no vácuo) pelo projeto OPERA.

O projeto OPERA (Oscillation Project with Emulsion Tracking Apparatus) foi desenvolvido pelos europeus, num laboratório subterrâneo, com o objetivo de se detectar os neutrinos tau gerados pela oscilação — i.e., pela transmutação — de neutrinos múon (mais detalhes na página do OPERA).

O evento mencionado acima foi um subproduto surpreendente pois viola a Teoria da Relatividade Especial e implica, segundo o autor, numa correção nesta teoria — não no seu abandono. A detecção ocorreu com o nível de certeza de “seis sigmas”, o que experimentalmente significa certeza (“The experiment has been measured to 6σ level of confidence, which makes it a certainty”, na pág. 2 do artigo).

O segundo evento foi o decepcionante anúncio da não-detecção do bóson de Higgs nos experimentos do LHC. Nenhum dos picos vistos pelos experimentos está muito acima dos “dois sigmas” de nível de certeza. O nível “cinco sigmas” — pelo menos — é necessário para reivindicar uma descoberta, ou seja, para que haja menos de uma chance em um milhão dos dados atuais serem um acaso estatístico ou ruído experimental.

(Quem se interessar por uma discussão interessante sobre nível estatístico de detecção de um sinal leia o texto pedagógico “DETECTION OF SIGNAL” em ned.ipac.caltech.edu/level5/Wall/Wall4.html.)

De qualquer forma, ambos os resultados necessitam confirmação: no evento do neutrino, a confirmação da velocidade superluminal, e no do bóson de Higgs, a confirmação da não-detecção.

O objetivo do autor é apresentar uma solução para os dois eventos, supostos definitivos, i.e., pode haver velocidade superluminal e o bóson de Higgs não existe. Não entrarei nos detalhes de sua proposta. Ele propõe que o espaço-tempo não seja “liso” mas granulado como esperado nas teorias de gravitação quântica.

2012 promete!

Um abraço a todos.

Saudações Cosmológicas,

Domingos

PS (18 de janeiro de 2012): Mais detalhes no meu artigo intitulado Neutrinos superluminais e bósons de Higgs.
PS (20 de janeiro de 2012): O astrônomo Claudio Germanà apresenta uma possível explicação para os neutrinos superluminais. O título do artigo diz tudo: Are OPERA neutrinos faster than light because of non-inertial reference frames?.
PS (24 de janeiro de 2012): No artigo General relativity and OPERA Experiment: comment on the paper "A very simple solution to the OPERA neutrino velocity problem", o autor refuta a solução apresentada em arXiv:1110.5866.
PS (24 de fevereiro de 2012): Cabo frouxo pode ser responsável por medição de neutrinos viajando mais rápido que a luz. Esta notícia surgiu originalmente em 22 de fevereiro através de um porta-voz do CERN. Vejam mais detalhes no Jornal da Ciência Eletrônico da SBPC em JC e-mail 4442, de 24 de Fevereiro de 2012.

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Domingos Sávio de Lima Soares
Página Pessoal
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