PRÓXIMA ANTERIOR
(Se você estava lendo COSMOS:21ago09, volte para lá clicando aqui)


_____________________________________________19 de julho de 2010

Caros Amigos da Cosmologia,

Dia 21 de agosto/2009 enviei uma mensagem onde comentei sobre as idéias do físico Pierre-Marie Robitaille a respeito da Radiação de Fundo de Microondas (RFM).

Um trecho da mensagem segue abaixo (vejam a mensagem completa em cosmos17.htm):

-------------------------------------------------------------------------
(...)
É importante lembrar as características dos satélites recentes para medida da RFM:

COBE - mede o valor absoluto da radiação (o monopolo, instrumento FIRAS) e as anisotropias (dipolo e ordens superiores, instrumento DIRBE). Estava situado numa órbita a 900 km de altitude.
WMAP - só mede anisotropias. Está situado a 1,5 milhão de quilometros da Terra, no ponto Lagrangeano L2, do sistema Sol-Terra.
PLANCK - mede o valor absoluto da RFM (instrumento HFI) e anisotropias (instrumneto LFI) O satélite foi lançado em maio deste ano e ficará também no ponto L2 -- ver www.rssd.esa.int/SA/PLANCK/docs/Bluebook-ESA-SCI%282005%291_V2.pdf.
(...)
-------------------------------------------------------------------------

Desde então tenho ficado curioso a respeito dos detectores do Planck, pois ao ler sobre o mesmo ficava com a impressão de que, como o WMAP, ele não seria capaz de medir o espectro absoluto da RFM -- a chamada "componente de monopolo".

Escrevi então ao coordenador da missão Planck, Jan Tauber, solicitando um esclarecimento sobre o assunto. Ele me respondeu, e as coisas ficaram claras: realmente, como o WMAP, o Planck não vai medir valores absolutos, apenas anisotropias.

Quer dizer, corrijo então o que afirmei na mensagem de 21 de agosto de 2009.

Para mais detalhes sobre esta questão envio abaixo as mensagens, minha e de Jan Tauber.

Saudações Cosmológicas,

Domingos

-------------------------------------------------------------------------
MENSAGEM ENVIADA POR D. SOARES EM 18/JUL/2010:
-------------------------------------------------------------------------
July 18th, 2010

Dear Dr Jan Tauber,

Congratulations for the ongoing success of Planck mission.

I am an extragalactic astronomer -- working on double and multiple galaxies -- and teaching cosmology at the undergraduate level of a physics course in Brazil.

I've read your paper in Advances in Space Research and many other explanatory texts on the Planck mission.

The details of data acquisition and reduction are very difficult to understand for the non-expert.

I have a question about the final outcome of Planck: why is it not possible to have an absolute blackbody spectrum of the microwave background? I mean, like the FIRAS/COBE spectrum.

In other words: are the LFI and HFI instruments, differential ones like DIRBE/COBE? I have learned that each of the nine Planck horns points to different sky locations, which made me think of LFI and HFI as differential radiometers (bolometers).

Thank you very much for your attention.

Best wishes from Belo Horizonte, Brazil.

Domingos Soares

-------------------------------------------------------------------------
RESPOSTA DE J. TAUBER EM 19/JUL2010:
-------------------------------------------------------------------------
Dear Domingos

LFi and HFI both have differential detector readout schemes and therefore the "monopole" is filtered out during the measurement. COBE/FIRAS was an absolute spectrometer and carried a blackbody reference source on board which allowed it to make very precise absolute calibration. therefore it was able to measure the absolute temperature of the spectrum with very good precision.

Best regards

Jan

-------------------------------------------------------------------------

PS (21 de janeiro de 2014): Só agora tomo conhecimento de um outro artigo de Pierre-Marie Robitaille — por coincidência, publicado em julho de 2010, o mesmo mês em que escrevi este COSMOS — intitulado “The Planck Satellite LFI and the Microwave Background: Importance of the 4 K Reference Targets”, disponível em www.ptep-online.com/index_files/2010/PP-22-02.PDF. Neste artigo Robitaille defende a tese de que Planck pode sim medir a componente de monopolo da RFM e que ele não a medirá porque ela não existe no sítio onde está localizado o satélite. Robitaille defende a ideia de que a RFM não é cósmica e tem origem na Terra, particulamente nos oceanos, os quais, como sabemos, cobrem 70% da superfície do planeta (veja COSMOS:21ago09). Quem se animar a ler o artigo de Robitaille verá que trata-se de um problema altamente técnico em radiologia. A questão, pelo menos para mim, permanece: o Planck é capaz ou não de medir o monopolo da RFM? Se ele for capaz e medir alguma coisa, será interessante saber se a sua medida será consistente com a medida do instrumento FIRAS do satélite COBE. Se ele for capaz e não medir nada, então teremos uma indicação forte de que a RFM não é cósmica. O que será um outro estrondão...

==============================================
Domingos S.L. Soares
Astrofísica - Depto. de Física - ICEx
UFMG - C.P. 702
30123-970 - Belo Horizonte
==============================================
Página Pessoal


Para não receber mais mensagens desta lista: envie uma mensagem para dsoares@fisica.ufmg.br escrevendo no ASSUNTO "DESCADASTRAR COSMOS".

Para se cadastrar: envie uma mensagem para dsoares@fisica.ufmg.br escrevendo no ASSUNTO "CADASTRAR COSMOS".


ATENÇÃO: Todas as mensagens enviadas para COSMOS estão disponíveis em COSMOS - Notícias e tópicos de cosmologia.