Tese de Doutorado #307: Nathalia Fonseca

Análise da Interação Disco-Estrela no Sistema Estelar Jovem V354 Mon

Autor: Nathalia Nazareth Junqueira Fonseca

Banca Avaliadora

Sílvia Helena Paixão Alencar (orientadora)

Física - UFMG

Luiz Paulo Ribeiro Vaz

Física - UFMG

Gabriel Armando Pellegatti Franco

Física - UFMG

Ana Cristina Moreira Machado Zadra Armond

DF/UFSJ

Jane Cristina Gregório Hetem

IAG/USP

Orientadores

Silvia Helena Paixão Alencar (orientadora)

Departamento de Física - UFMG

Resumo do Trabalho

Apresentamos o estudo da interação disco-estrela na estrela T Tauri clássica V354 Mon, integrante do aglomerado jovem NGC 2264. Como parte de uma campanha internacional de observação de NGC 2264 realizada entre Dezembro de 2011 e Fevereiro de 2012, dados espectroscópicos e fotométricos de alta resolução desse objeto foram obtidos simultaneamente com os satélites Chandra, CoRoT e Spitzer, e com telescópios em solo, como CFHT, VLT/ESO e USNO. A curva de luz de V354 Mon possui variação em brilho periódica, com mínimos que mudam seu formato a cada ciclo rotacional de 5,21 dias. Essa modulação ocorre simultaneamente desde o filtro u até 4,5 μm, porém a profundidade do mínimo diminui com o aumento do comprimento de onda observado, e o sistema fica mais azul à medida que o fluxo aumenta. Encontramos evidência de que o perfil da linha de emissão em Hα varia de acordo com o período da modulação fotométrica, indicando que o mesmo processo é responsável por ambas variações. Essa correlação entre a mudança na linha de emissão e a modulação da curva de luz foi também identificada em uma campanha observacional anterior sobre o mesmo objeto, onde verificamos que a absorção desviada para o vermelho em Hα era mais pronunciada nos instantes de menor brilho. Portanto durante os mínimos fotométricos o fluxo de acreção estava projetado na fotosfera estelar em relação a nossa linha de visada. Na nova campanha, os espectros com evidência de absorção desviada para o vermelho são observados fora do mínimo fotométrico, o que pode indicar que o funil de acreção está distorcido. Concluímos que material distribuído de maneira não uniforme na parte interna do disco é a principal causa da variabilidade em brilho de V354 Mon. Essa hipótese é corroborada pelo fato de que o sistema é visto em alta inclinação. Acredita-se que a magnetosfera estelar, inclinada em relação ao eixo de rotação, interage dinamicamente com o material do disco circunstelar, produzindo uma deformação na parte interna do mesmo. Esse fenômeno, previsto por simulações numéricas de magneto-hidrodinâmica, foi também observado na estrela T Tauri clássica AA Tau. Um modelo de ocultação por material circunstelar foi aplicado aos dados fotométricos e, ao comparar os parâmetros da estrutura eclipsante durante as duas campanhas observacionais, notamos que ela permaneceu estável, apesar de sofrer algumas alterações a cada ciclo e de maneira mais drástica ao longo dos anos. Ao remover a contribuição em emissão do disco, as amplitudes de variabilidade no óptico e no infravermelho ficam semelhantes, o que indica que o material na parte interna do disco é opaco.