Tese de Doutorado #113: Ubirajara Batista

Microscopia de desfocalização aplicada ao estudo de fagocitose por macrófagos

Autor: Ubirajara Agero Batista

Banca Avaliadora

Oscar Nassif de Mesquita (orientador), Física

UFMG

Ricardo Tostes Gazzinelli, Instituto de Ciências Biológicas

UFMG

Paulo Sérgio Lacerda Beirão, Instituto de Ciências Biológicas

UFMG

Sebastião José Nascimento de Pádua, Física

UFMG

Paulo Mascarello Bisch, Física

UFRJ

Rita Maria Zorzenon dos Santos, Física

UFPE

Orientadores

Oscar Nassif de Mesquita

Departamento de Física - UFMG

Resumo do Trabalho

Objetos de fase podem se tornar visíveis por uma pequena desfocalização em um microscópio óptico, uma técnica pouco usada como ferramenta útil. Neste trabalho, revisitamos a teoria de desfocalização e a aplicamos ao estudo de nosso microscópio com óptica corrigida no infinito. Na nossa aproximação, encontramos que o contraste na imagem é proporcional ao Laplaciano em duas dimensões da diferença de fase introduzida pelo objeto de fase. Se o índice de refração do objeto de fase é uniforme, a imagem obtida da desfocalização do microscópio é a imagem da curvatura (Laplaciano da espessura local) do objeto de fase, enquanto a microscopia padrão de contraste de fase, fornece informação sobre a espessura do objeto. Construímos objetos de fase artificiais e medimos o contraste com a microscopia de desfocalização. Os resultados obtidos para o contraste estão de acordo com os resultados de nosso modelo teórico. Utilizamos a microscopia de desfocalização para estudar as flutuações de curvatura (ruffles) na superfície de macrófagos (célula do sistema imune inato), e tentamos correlacionar as propriedades mecânicas da superfície dos macrófagos com a fagocitose. Observamos grandes estruturas propagantes e coerentes: medimos sua forma, velocidade, densidade e estimamos sua energia de curvatura. Inomogeneidades do índice de refração, flutuações de curvatura e/ou mudanças periódicas nas interações membrana-citoesqueleto causam flutuações aleatórias no contraste da imagem. Pelas funções de correlação espacial e temporal do contraste obtemos o tempo de decaimento e o comprimento de correlação dessas flutuações que, estão relacionados com o seu tamanho e com as propriedades viscoelásticas do citoesqueleto. Para associar a dinâmica do citoesqueleto com o processo de fagocitose, usamos uma pinça óptica para segurar uma partícula de zymosan e colocá-la em contato com o macrófago. Então, medimos o tempo para um único processo de fagocitose. Adicionamos a droga cytochalasin D, que despolimeriza a rede de filamentos de actina do citoesqueleto: ela inibe as grandes flutuações coerentes e propagantes na superfície da célula, aumenta o tempo de relaxação das flutuações do citoesqueleto e aumenta o tempo de fagocitose. Nossos resultados sugerem que os métodos desenvolvidos neste trabalho podem ser úteis para mostrar a importância da motilidade do citoesqueleto na dinâmica dos processos celulares, como a fagocitose de macrófagos.