01 de novembro de 2012
Diverso é o meu objetivo. Apresentarei evidências quantitativas simples para a justificativa da negação da ação humana como responsável pela atual catástrofe por que passa a humanidade. É óbvio que a atividade predatória da humanidade na destruição e contaminação do meio ambiente deve ser reduzida a qualquer custo. Mas não se pode de imediato debitar a esta atividade o aquecimento global. Ou, dito de outra forma: existem razões paupáveis para duvidarmos de que a ação humana seja a grande vilã no fenômeno do aquecimento global. Utilizarei a simples física do ensino médio e alguns dados da bibliografia relevante para mostrar através de alguns números que a ação humana é pequena quando comparada à magnitude dos outros atores envolvidos, quais sejam, o planeta como um todo, os oceanos e a atmosfera terrestre.
O CO2 é o único destes gases que é produzido copiosamente pelas atividades humanas. De acordo com o Prof. Nilton José Sousa, da Universidade Federal do Paraná, desde 1860 os seres humanos lançaram cerca de 175 Gt (1 Gt = 1 gigatonelada = 1 bilhão de toneladas) de CO2 na atmosfera (cf. www.floresta.ufpr.br/~lpf/efeitoestufa.html). Incidentemente, a Revolução Industrial começou na Inglaterra por volta de 1760. Então, estamos falando da produção humana de CO2 nos últimos 150 anos. Esta quantidade será pouco afetada pela produção nos primeiros 100 anos da Revolução Industrial.
A nossa hipótese de trabalho é que a ação humana sobre o aquecimento global pode ser quantificada por 175 Gt de CO2 produzidas nos últimos 150 anos. O CO2 atua tornando-se parte da atmosfera terrestre, contribuindo para o efeito estufa, e dissolvido nas águas dos oceanos gerando transformações no meio ambiente marinho. A seguir, calcularemos a massa total dos oceanos e da atmosfera terrestre para fazermos uma comparação entre estas massas, e assim termos uma idéia da magnitude potencial do CO2 produzido pelas atividades humanas.
A massa total dos oceanos pode ser calculada pelo produto da área dos oceanos × profundidade média dos oceanos × densidade da água salgada. Sabemos que os oceanos cobrem cerca de 70% da superfície terrestre e que a sua profundidade média é de aproximadamente 4.000 metros. A densidade da água salgada é 1,03 g/cm3. A massa dos oceanos resulta então em aproximadamente 1 bilhão de Gt.
A atmosfera exerce uma pressão sobre a superfície terrestre que pode ser facilmente medida. Ela vale 101.000 Pa, onde Pa é a abreviação de pascal, a unidade de pressão no Sistema Internacional de unidades de grandezas físicas (SI). Ora, pressão é força sobre área. A força é dada pelo peso total da atmosfera e a área é a área total da superfície terrestre. O produto da pressão × área do globo terrestre é igual ao peso total da atmosfera terrestre. Do seu peso obtemos a sua massa que é aproximadamente 5 milhões de Gt.
Mais alguns números: a massa total da Terra é 6.000 bilhões de Gt e a massa total da população humana, atualmente, é igual a 7 bilhões × 70 kg, ou, 0,5 Gt.
Todas as massas discutidas acima estão listadas abaixo, expressas em gigatoneladas (Gt).
Todo o CO2 produzido pela ação humana nos últimos 150 anos representa 0,00002% da massa dos oceanos e 0,004% da massa da atmosfera terrestre. A população humana representa porcentagens 2 × 175 = 350 vezes menores do que estas. A massa da Terra serve para ilustrar como o problema do aquecimento global é irrelevante para o planeta em si, apesar de ser uma questão de vida e morte para a humanidade. Estes números mostram que é bastante razoável duvidar-se de que a ação humana seja a principal responsável pelo efeito. É importante ressaltar que não reivindico a demonstração de que o homem não tem influência no fenômeno mas apenas que é razoável ter-se esta dúvida.
Curiosamente, há pouco mais de 5 anos eu fiz uma crítica a um artigo sobre o aquecimento global, publicado no JC e-mail da SBPC, que apresentava esta mesma dúvida — que agora defendo — e que na época me pareceu injustificável. O meu comentário está aqui.
Como resolver este dilema? Ação humana ou fenômeno da evolução normal do planeta? A primeira sugestão que me ocorre é a utilização de um traçador (ou marcador) de temperatura ambiente que seja insensível à atividade humana, i.e., ao efeito estufa. A segunda é a simulação computacional de um ambiente similar ao terrestre submetido às proporções de massas semelhantes às discutidas acima.