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Subject: JC e-mail 3490, de 14 de abril de 2008

Jornal da Ciência (JC E-Mail)
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Edição 3490 - Notícias de C&T - Serviço da SBPC
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Você vai ler nesta edição:

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10. Manifesto contra o uso de embriões humanos em pesquisas, texto de Domingos Sávio de Lima Soares

"A sociedade em que vivemos é que definirá quais sejam as questões morais fundamentais"

Domingos Sávio de Lima Soares é astrônomo e pesquisador da UFMG. Texto enviado pelo autor ao JC e-mail:
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Gostaria de me manifestar contrário ao uso de embriões humanos -- congelados ou não -- em pesquisas científicas. Este manifesto será feito através de uma "alegoria moralista" intitulada "Reflexões de um embrião de 55 anos".

As Reflexões são compostas de assertivas de caráter moral, as quais não têm, e nem necessitam ter, justificativas científicas. Não quero com isto diminuir o valor da ciência, o que seria totalmente incoerente, dada a minha própria condição de cientista.

Assinalo, com isso, os limites da ciência em relação às questões de natureza moral. A ciência tem poder apenas relativo sobre questões morais. O contrário, no entanto, é falso, ou seja, as questões morais possuem -- devem possuir – poder absoluto sobre as atividades científicas.

Obviamente, a sociedade em que vivemos é que definirá quais sejam as questões morais fundamentais. O resultado destas definições é que mostrará a qualidade, do ponto de vista humano, desta mesma sociedade.

Vamos pois às "Reflexões de um embrião de 55 anos"

1- Nós todos somos embriões. Mais ou menos desenvolvidos. Mas embriões.

2- Matar jovens embriões equivale à eutanásia, que é o eufemismo para "assassinato de embriões velhos e doentes". Ambas as atitudes não são consistentes com a manutenção da vida humana.

3- Todos nós começamos a nossa jornada como o "embrião de idade zero".

4- O embrião de idade zero está -- é -- latente em cada um de nós, e clama por todos embriões de idade zero.

5- Os embriões de idade zero congelados reclamam o seu futuro. Eu, você, todos nós clamamos pelo embrião de idade zero que um dia fomos.

6- Pode a ciência "desexistir" o embrião de idade zero? Uma resposta afirmativa éuma sentença de morte para todos nós. Inadmissível, portanto.

7- Não! A ciência, a lei, o mercado, nada tem o poder de desexistir qualquer embrião de idade zero.

8- O embrião de idade zero existe e nada pode negar o seu direito à existência. Ele, assim como eu, um embrião de 55 anos, necessitamos de condições muito especiais para a nossa sobrevivência.

9- O embrião humano tem que ser respeitado segundo a sua qualificação, qual seja, a de marco inicial do ser humano.

10- O cuidado começa no berço.



Domingos Sávio de Lima Soares
05May08