O Universo numa Casca de Noz
Stephen William Hawking

Editora Mandarim , 2001, São Paulo
ISBN 85-354-0231-4, 215 páginas


ERRATA, por Domingos Soares


 

Este livro de Stephen Hawking foi traduzido por Ivo Korytowski, com revisão técnica de Augusto Damineli, astrônomo do Departamento de Astronomia, IAG/USP. O resultado final está bom e não compromete de forma alguma o entendimento da obra.

O Autor faz um trocadilho no título do livro 1. Em inglês, o livro intitula-se The universe in a nutshell. Efetivamente, a casca de noz (nutshell) é uma imagem utilizada pelo Autor na sua exposição mas a expressão in a nutshell também tem o significado de resumidamente, em poucas palavras. Em português poderíamos adotar a tradução, por exemplo, O universo num vintém. Neste caso porém não haveria o trocadilho intencionado. A propósito, o complemento in a nutshell é bastante utilizado em títulos de livros cuja intenção é apresentar determinado assunto de forma resumida. Isto pode ser verificado através de uma busca, em alguma livraria virtual, de obras com títulos que contenham in a nutshell; centenas de títulos serão encontrados, como já verifiquei pessoalmente. Convém ressaltar no entanto que, concernente à cosmologia, já havia um precedente 2. O cosmólogo Edward R. Harrison utiliza a expressão em seu livro Cosmology, the science of the universe. Na primeira edição, de 1981, The universe in a nutshell é o título do capítulo 13, e na segunda edição (2000) aparece como o título da primeira seção do capítulo 17, que se intitula The cosmic box. Curiosamente, Hawking apresenta no início de seu capítulo 3, que se intitula O universo numa casca de noz, mesmo título de capa, uma citação de Shakespeare, extraída de Hamlet, que fora também utilizada por Harrison. Mas com uma pequena --- e importante --- diferença. A citação completa feita por Harrison é a seguinte.

I could be bounded in a nutsell and count myself king of infinite space, were it not that I have bad dreams.
Em Hawking, a citação aparece como
Eu poderia estar recluso numa casca de noz e me considerar rei do espaço infinito.
Ele omite --- consciente ou inconscientemente, eis a questão --- a parte, provavelmente, mais profunda da citação:
... não fosse pelo fato de ter sonhos perturbadores.

Não se pode deixar de mencionar que houve um precedente ilustre na citação de Shakespeare. O escritor argentino Jorge Luis Borges cita o mesmo texto de Hamlet em seu conto --- possuidor de tinturas cosmológicas --- intitulado O Aleph (ver o texto original em espanhol em El Aleph, e uma tradução para o inglês, que contou com a colaboração do Autor, em The Aleph). O conto foi publicado originalmente em 1945. A propósito, Borges tambem omite a segunda parte da citação.

A seguir, apresento aqui uma lista de correções que acredito apropriadas no sentido de enriquecimento e eliminação de pequenos erros da versão em Português desta extraordinária obra.

Aproveito para solicitar aos leitores do livro e desta errata que apresentem as suas críticas, e sugestões de possíveis adições a esta lista.

Muito obrigado, desde já.


 
 
págs. 19 e 204 -- Sobral, cidade localizada no nordeste do Brasil (CE), e na África Ocidental, no lugar de África Ocidental. Ver, a propósito, A Fama de Einstein, Como, Quando e Onde Começou, de Renato Las Casas, na página eletrônica do Observatório Astronômico da Piedade/UFMG e A Fama de Einstein depois da Experiência de Sobral, de José Ademir Sales de Lima, no Boletim da Sociedade Astronômica Brasileira (1999), vol. 18, No. 3, pág. 43.

 
págs. 39 a 41 -- A explicação3 da figura 2.8 está parcialmente incorreta. Pode-se afirmar que o cone de luz do passado é curvado, na forma geral de uma pera, em todo modelo de universo em expansão a partir de uma singularidade inicial independentemente da curvatura do espaço. Em outras palavras, modelos em expansão --- abertos, planos ou fechados --- apresentarão, de modo geral, um diagrama de espaço-tempo na forma de uma pera. Especificamente, a afirmação do Autor, na legenda de figura 2.8, de que "Se seguirmos nosso cone de luz do passado de volta no tempo, ele será curvado para trás pela matéria no início do universo", está incorreta. Não é a matéria que curva o cone; a deformação decorre da representação de um espaço em expansão, num sistema de coordenadas particular. Ver a discussão sobre o tema nos capítulos 14 e 15 de Cosmology, the science of the universe, de Edward R. Harrison, Cambridge University Press 2000, e no tutorial eletrônico de cosmologia, de autoria de Edward L. Wright, especialmente a Parte 2.

 
pág. 77 -- 2,5 metros, no lugar de 5 metros

 
pág. 77 -- desvio para o vermelho, no lugar de velocidade, no eixo horizontal da figura

 
pág. 78 -- Planck, no lugar de Plank

 
pág. 153 -- 1/(10×1060), no lugar de 1/10-10-60

 
pág. 175 -- quantidade é pequena, no lugar de quantidade é baixa

 
pág. 187 -- cosmólogos, no lugar de cosmologistas

 

 



Contribuições para a discussão

Augusto Damineli

 

1 Agradeço ao Prof. Luiz Paulo Ribeiro Vaz por ter chamado a atenção para este fato. Volta.

2 Agradeço ao José Carlos Neves de Araújo ( INPE) por esta informação. Volta.

3 Agradeço ao Prof. Emmanuel Araújo Pereira pela discussão estimulante sobre este ponto. Volta.


Atualização: 23Ago2004