24 de setembro de 2012
No hemisfério norte, existe uma estrela muito brilhante, de magnitude visual 2, chamada Estrela Polar ou Polaris, na constelação da Ursa Menor, que se situa, atualmente, bem próxima do polo norte celeste. Em coordenadas equatoriasi do ano 2000, a sua declinação era de +89 graus e 16 minutos, ou seja, muito próxima do polo norte celeste, por definição, localizado na declinação +90 graus.
Para localizar o polo sul celeste, em −90 graus, não dispomos no hemisfério
sul de uma estrela tão brilhante. Existe uma estrela, a sigma de Octante, também
chamada de Polaris Australis, localizada a pouco mais de 1 grau do polo sul
— para comparação, o diâmetro da Lua cheia é de 0,5 grau.
Ela possui magnitude visual de 5,5, bem no limite da visualização a olho nu, o que
significa que ela não é muito útil. Mas temos outro recurso: a constelação do
Cruzeiro do Sul, que é bastante conhecida e muito fácil de se ver no céu. Para chegarmos bem próximos do polo sul celeste, e de Polaris Australis, basta prolongarmos
a haste maior da cruz, por uma distância igual a 4 vezes o seu tamanho, seguindo
em linha reta a partir da estrela mais brilhante do Cruzeiro, para fora dele. Daí,
se baixarmos uma perpendicular em direção à superfície terrestre, encontraremos o
polo sul geográfico, o que pode ser de bastante utilidade, se estivermos perdidos...
Céu obtido com o atlas celeste digital
Stellarium, para o dia 18 de setembro de
2012. Polaris Australis está indicada no centro. À direita vemos a constelação do Cruzeiro do Sul, e podemos observar que a haste maior do Cruzeiro aponta para ela. Notem o ponto cardeal sul (letra S), na superfície da Terra. |
Mas ainda não falamos da Polarissima Australis! Como o superlativo indica,
trata-se de um objeto celeste mais próximo do polo sul do que Polaris
Australis. Esta possui declinação do ano 2000 de −88 graus e 57 minutos, e
a Polarissima Australis de −89 graus e 20 minutos. Que objeto é este? Pode
ele ser útil na localização do polo sul celeste?
A Polarissima Australis é uma galáxia! Trata-se de uma galáxia espiral barrada,
com o número de catálogo NGC 2573
(tipo morfológico SBc — veja o meu artigo
A forquilha de
galáxias de Hubble), de magnitude visual 13,5, que só pode ser vista, com algum
esforço, se dispomos apenas de um telescópio modesto. Vemos, portanto, que ela
não é muito útil para se localizar o polo sul celeste, numa situação de emergência.
NGC 2573, Polarrissima Australis, em cores artificiais. O quadro possui 4,5×4,5 minutos de arco (SkyView/DSS2 Blue). |
A propósito, existe também uma Polarissima Borealis, NGC 3172, uma
galáxia espiral. Ela é um pouco mais fraca que a nossa Polarissima. Ambas
podem ser vistas com telescópios de no mínimo 10 cm de abertura, como tem sido
relatado.
Boa sorte então aos observadores para mais este desafio! Polarissima Australis!