02 de junho de 2014
Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece.
Eclesiastes 1:4
(…) no meio de vós está um a quem vós não conheceis.
João 1:26
Para Lu.
Significa que o planeta Terra sofre efeitos desprezíveis devido a quaisquer tipos de ação humana, em virtude da insignificância material da população humana frente à constituição física do planeta. Em termos de massa: a massa da Terra é 6.000 bilhões de gigatoneladas e a massa da atual população humana é 7 bilhões × 70 kg, ou seja, 0,5 gigatonelada (1 gigatonelada = 1 bilhão de toneladas). O que pode 0,5 contra 6.000 bilhões, seja de que forma for, inclusive por meio da utilização de artefatos nucleares? O planeta não está nem aí, portanto. Outros números comparativos interessantes estão no artigo Aquecimento global: ação humana?, onde questiono a significância da ação humana em relação ao aquecimento global, e sugiro que este está muito provavelmente relacionado a causas naturais não humanas.
A questão realmente importante é salvar a civilização moderna, em outras palavras, salvar a humanidade.
Quantas vezes, no passado, civilizações inteiras se desintegraram e desapareceram? Um número sem conta de projetos de sociedades humanas desapareceu, deixando apenas vestígios materiais que comprovam as suas existências. Exemplifiquemos (as datas são apenas indicações aproximadas).
• Sociedade humana de Stonehenge na Grã-Bretanha (3.000 aC)
• Império Egípcio pré-histórico no atual Egito (3.000 aC)
• Império Maia na America Central (1.000 aC)
• Império Khmer em Angkor no Camboja (século X)
• Império Inca no Peru (século XIV)
• Império Asteca no México (século XV)
Estas civilizações desapareceram ou se dispersaram para originarem novas civilizações.
O que temos são apenas vestígios de suas extraordinárias realizações materiais,
entregues ao trabalho inexorável do tempo. O planeta pouco se alterou e nada sofreu
com os dramáticos eventos — em sua maioria catástrofes ambientais
— que levaram à destruição destas sociedades florescentes e ricas em seus
apogeus. O planeta nada sofreu ou sofre com estas transformações. “Na Natureza
nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, escreveu o sábio francês
Antoine Lavoisier (1743-1794). Podemos então modificar ligeiramente este aforismo
para o contexto específico do planeta:
“No planeta Terra nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”
O planeta se transforma. A fragilidade das civilizações humanas que
habitaram o planeta desde as eras pré-históricas é enorme, quando comparada à solidez
do planeta. Então, não nos preocupemos com o planeta, pois
o planeta permanecerá. Preocupemo-nos com a civilização humana. Esta sofreu drásticas
transformações no passado e corre sério risco no presente.
Uma nova civilização encontra-se em processo de gestação. O barulho e o brilho da civilização humana dominante dificultam a percepção deste processo. Não devemos duvidar de que ele já está ocorrendo. Percebemos, vez por outra, lampejos do novo que se desenvolve, mas não conseguimos identificá-lo com nitidez. É certo que a gestação está em pleno andamento, pois “salvar a civilização humana” significa na realidade “criar uma nova civilização humana”. Esta não repetirá os erros da que se vai, mas terá os seus próprios, que a levarão ao fim. E a história se repetirá até o final dos tempos, sobre o que não me atreverei a elucubrar.