As Leis de Underwatts

D.B. Underwatts viveu na Inglaterra por volta de 1600. Em um volume de sua extensa obra (Writings V, 17) foi encontrada a seguinte proposição.

Vida

1 tex2html_wrap_inline20 lei: Na ausência de qualquer juízo a atitude permanece a mesma.

A atitude é a conjugação do ser com o viver. A interação entre o indivíduo e o cosmos nos traz nova qualidade: deus.

2 tex2html_wrap_inline20 lei: A relação entre o juízo e a evolução é constante e característica de cada indivíduo e recebe o nome de ser.

A divindade, i.e., deus, surge de uma relação estática, interação cósmica, enquanto que ser surge de uma relação dinâmica, juízo sobre evolução. Relatos de experiências pessoais asseguram a equivalência entre o ser e deus.

3 tex2html_wrap_inline20 lei: A um juízo corresponde outro igual e em oposição.

Naturalmente, à igualdade quantitativa, juízos iguais, estabelece-se a desigualdade qualitativa, em oposição.

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A seguir o autor passa a descrever casos concretos em que são aplicadas as três leis, surgindo às vêzes previsões assustadoras e absurdamente reais. Não tratarei de tais casos pois outro é o meu propósito: uma análise breve das `leis de Underwatts' levando em conta as minhas impressões e as colhidas em espaços alheios.

As acusações de Newtonianismo são infundadas, por motivos óbvios: I. Newton (1642-1727) ainda não era nascido na época em que viveu Underwatts. O oposto presume-se verdadeiro (Lix 1909), i.e., o Underwattsianismo subjaz por toda a obra do acadêmico de Cambridge.

As leis apresentam uma estrutura conceitual que constitui contribuição menos à originalidade do que à possibilidade de aplicação prática. Incidentemente, esta parece ter sido a intenção original de Underwatts, característica latente em seu próprio texto. Alguns exemplos também podem ser encontrados no ensaio contemporâneo A morte em Underwatts, de B. Dreher.

Sabe-se agora que o ser não é constante para determinado indivíduo, como o pressuposto clássico (2 tex2html_wrap_inline20 lei de Underwatts). O ser varia para faixas de viver em alto estágio. A análise clássica (ser constante) seria válida para determinada fase da vida do indivíduo.

A equivalência entre deus e o ser considerada por D.B. Underwatts como fato empírico, derivado da documentação factual (e.g., Harrison 1590), obtém importância decisiva segundo os místicos de nossa época. Esta equiparação não é simplesmente experimental, i.e., uma consequência das relações entre o homem e a realidade que o cerca, mas tem razões fundamentais, afirmam.

Alguns na brevidade das leis de Underwatts vêem o desnudamento de obras sagradas tradicionais e de códices milenares; outros tornam claros utilizando o mesmo esquema um sem número de clássicos da composição laica.

Emergem posteriormente heresiarcas que descrêem da formulação da vida clássica e propõem o seu abandono por ser descabida e imprópria à conduta dos homens.

Domingos S.L. Soares

v1.0 - 25/07/1979
v2.0 - 02/11/1999


Domingos Sávio de Lima Soares
10Jan2003